São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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PAINEL DO LEITOR

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Receita
"Sobre o editorial "A lentidão da Receita" (Opinião, pág. A2, 21/2), esclarecemos que não procede a afirmação de que os benefícios trazidos pela lei 11.371/06, que permitiu a manutenção no exterior de rendimentos provenientes de exportações, ainda não puderam ser usufruídos em razão da falta de normas complementares.
O Conselho Monetário Nacional (CMN), em agosto de 2006, estabeleceu que o benefício ficará limitado em 30% da receita das exportações, devendo a parcela restante ser objeto de celebração e liqüidação de contrato de câmbio. Por sua vez, o Banco Central estabeleceu, em outubro, regras para o recebimento do valor em moeda estrangeira em conta no exterior e sobre o prazo de contratação e liqüidação dos contratos de câmbio. Sobre a Receita Federal, a lei 11.371/06 estabelece que o órgão comprovará os ingressos de receita de exportação cruzando dados das liqüidações dos contratos de câmbio com informações do Siscomex, verificando se o exportador promoveu o ingresso de 70% da sua receita de exportação dentro do prazo fixado pelo CMN.
Equivocado, portanto, falar em "ausência de regras". Os exportadores podem, há tempos, destinar os recursos mantidos no exterior sem nenhuma restrição. Não faz sentido também a afirmação de que "as empresas temem que as operações efetuadas com os recursos no exterior sejam objeto de tributação posterior". Os pagamentos efetuados no exterior estão sujeitos às regras vigentes do Imposto de Renda na Fonte. A lei 11.371/06 não criou nova hipótese de incidência do imposto nem promoveu alterações na legislação. O que a Receita ainda fará é apenas liberar aos exportadores um programa pelo qual serão prestadas as informações sobre a utilização dos recursos mantidos no exterior.
Esses dados deverão ser consolidados mês a mês e declarados anualmente, com a identificação do país, da moeda e da instituição financeira depositária. As empresas exportadoras somente estarão obrigadas a prestar tais informações à Receita a partir do momento em que o programa estiver disponível na internet. É preciso esclarecer, portanto, que a ausência deste software jamais foi empecilho para que os exportadores pudessem optar por uma das formas de manter os recursos no exterior."
PEDRO HENRIQUE MANSUR, assessor de imprensa da Receita Federal (Brasília, DF)

Nota da Redação - Essa não é a interpretação de muitos exportadores. Por insegurança a respeito de como o fisco se comportará diante da nova regra cambial, as empresas vêm adiando o seu usufruto até que as informações e o software citados pelo missivista sejam publicados.

Esperança
"Concordo com o senhor Clóvis Rossi (Opinião, 23/2). A falta de esperança trouxe o medo, alastra-se o pânico da violência, o crescimento econômico é pífio, há o fantasma do desemprego e a certeza da impunidade, a educação é de Terceiro Mundo e o brasileiro só não tem medo é de arriscar a vida para entrar ilegalmente nos EUA. E o pior é que vários empresários brasileiros estão fechando suas fábricas aqui e abrindo-as na China. Se esse populismo barato do partido dominante continuar, com soluções cosméticas e sobra de ideologias atrasadas, o futuro para muitos brasileiros será entrar ilegalmente na China para trabalhar. Mas políticos ufanistas e manipuladores da mídia ainda falarão: "nunca antes neste país..."."
JOSÉ ARMANDO LIBARDI FILHO (Piracicaba, SP)

São Francisco
"É incrível como o presidente Lula gosta de se colocar em evidência, mesmo que para isso tenha que prejudicar o social e o ecológico. Está mais do que demonstrado que a transposição do São Francisco é uma grande maracutaia para acobertar a corrupção que certamente está engendrada nessa obra faraônica. Trata-se de uma obra demagógica, caríssima e de difícil execução, principalmente no que se refere à distribuição da água. Ainda bem que existem homens como o bispo Luiz Cappio, da Bahia, que certamente tem o apoio de Deus em sua empreitada heróica."
MARIO NEGRÃO BORGONOVI (Rio de Janeiro, RJ)

Terra
"Vou nadar contra a corrente e prestar apoio e solidariedade a José Rainha. O senhor Xico Graziano, total desastre na condução da reforma agrária, critica Rainha não sei com que autoridade. A questão das terras devolutas na região do Pontal do Paranapanema arrasta-se por anos na Justiça. Agora, quando o MST ocupa terras naquela região, terras cujos donos não são donos, aí, rapidamente, entram os juízes concedendo reintegrações de posse. E também a polícia, descendo o cassetete."
ORLANDO FRONHA FILHO (São Paulo, SP)

Violência
"O caso do assassinato trágico e gratuito da jovem Maria Cícera Santos Portela -já desaparecido dos jornais- deixa algumas perguntas: haverá um caderno especial para análise da violência que dilacera o corpo social brasileiro? O senhor Renato Janine Ribeiro, que vê no mal uma mera opção, vai nos explicar o que pensa de uma sociedade que há muito optou pela exclusão, pelo completo desinteresse com a sorte da parcela excluída da população e pela instrumentalização da polícia como agente de exterminação? Alguém irá se propor a uma análise profunda da deformação dos superegos de policiais que entram atirando numa zona residencial? Talvez, pondo de lado a insana busca de monstros para nosso padecimento e tentando discutir seriamente o assunto, algo possa ser melhor."
HOMERO SANTIAGO, professor do Departamento de Filosofia da USP (São Paulo, SP)

Amazônia
"A perda da Amazônia não se dá pela demarcação de terras indígenas. Helio Jaguaribe ("A perda da Amazônia", 19/2) expôs uma visão preconceituosa, autoritária e puramente colonialista do assunto. Se a concessão de enormes áreas para populações indígenas é um absurdo, então a concessão deve ser feita para quem? Para fazendeiros que, com madeireiras, derrubam tudo para plantar soja ou colocar milhares de cabeças de gado? A perda da Amazônia ocorre há muito tempo devido à ausência do Estado em punir os inúmeros crimes contra a floresta e contra as populações que lá habitam há muito mais tempo. Essa perda está acontecendo pelo avanço da fronteira agrícola sobre a Amazônia. Essas áreas é que devem ser fiscalizadas. O Estado do Mato Grosso já está quase todo tomado por monocultura devido ao governador ser o maior produtor do mundo de soja."
JOÃO HUMBERTO VENTURINI, biólogo (Piracicaba, SP)

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