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CLÓVIS ROSSI
Serra, Dilma e o marechal Lott
SÃO PAULO - Termina nesta semana a novela (ou a agonia) José
Serra, jura a cúpula do PSDB. O governador paulista será candidato.
O fim da agonia não será festejado com fogos de artifício. Haverá
apenas sinais de fumaça para que o
mundinho político, em especial o
tucanato e seus aliados, definidos e
potenciais, saiba que saiu fumaça
branca das chaminés do Palácio dos
Bandeirantes.
Só mais tarde é que se fará algo
mais festivo para carimbar a pré-candidatura, esse rótulo grotesco
que a grotesca legislação brasileira
exige que se use embora todo o
mundo saiba que Dilma Rousseff,
Marina Silva e, agora, Serra são candidatos, não pré-candidatos.
A candidatura tucana nasce sem
vice. Não há um nome no DEM de
que se fale mais. Nem houve desistência definitiva de ter Aécio Neves
na chamada chapa puro-sangue. O
governador mineiro decidirá segundo seu tempo, diz-se na cúpula
do PSDB. E tempo de político mineiro é certamente diferente de
tempo de político paulista.
O tucanato não acredita em candidatura Ciro Gomes, por mais que
haja gente no partido que diga que
Ciro anda com mais raiva do PT e
do PMDB do que de Serra, seu arqui-inimigo. Ciro pode até querer
disputar a Presidência, mas o partido está louco para correr para os
braços de Dilma, o que o deixaria
pendurado na brocha sem escada.
Dá para ganhar de um Lula com a
corda toda, ainda que ele seja candidato apenas pela interposta pessoa
de Dilma?
Não imaginava outra resposta
que um "sim", mas ele vem acompanhado da observação de que Dilma tende a ser o marechal Lott de
2010. O marechal Henrique Lott
(1894-1984) foi o candidato do governo (Juscelino Kubitschek) na
eleição de 1960 e perdeu para Janio
Quadros. OK, mas não convém esquecer que JK não tinha, então, o
prestígio que Lula tem hoje nem
Serra tem o apelo que Janio tinha.
crossi@uol.com.br
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