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TV companheira
Reina a normalidade em Trípoli. O clima é de festa na capital da
Líbia. Sim, algumas centenas de
pessoas já morreram no país de
Muammar Gaddafi. Os enfrentamentos, contudo, não abalam o
quadro geral -em que a população se mantém leal ao líder líbio.
Nestes termos, a Telesur, rede
oficial da Venezuela, noticiou os
protestos contra a ditadura de
Gaddafi -que já ganharam feições de guerra civil.
A serviço do governo de Hugo
Chávez, a equipe da emissora foi
autorizada a transmitir de Trípoli
sua versão dos acontecimentos.
Os repórteres bolivarianos passaram cinco horas detidos pelas autoridades líbias. O percalço não
lhes diminuiu a simpatia pelo regime: "Foi um fato fortuito", disse
um dos jornalistas, "dada a situação de tanta desinformação" vigente no país.
As relações entre o governo venezuelano e o ditador líbio se mostram, mais uma vez, fortes e afetuosas nesse episódio. Sem chegar tão longe quanto Gaddafi no
delírio ditatorial, Hugo Chávez
não perde oportunidade para golpear a imprensa, açambarcar os
demais poderes, estatizar a economia, lançar bravatas contra o Ocidente, expandir-se em provocações e bufonadas.
Se, como se cogita, Gaddafi terminar procurando asilo em Caracas, no caso de ser apeado do poder, a hospitalidade de Chávez será justa e natural. No mínimo, um
reconhecimento pelo fato de o ditador líbio ter agraciado o líder venezuelano com o Prêmio Gaddafi
de Direitos Humanos, em 2004.
O Brasil se afasta, ao que tudo
indica em definitivo, do risco de
receber tais honrarias. Aprovando
sem delongas uma condenação ao
regime de Gaddafi no Conselho de
Segurança da ONU e a proposta
de que se investiguem os crimes
do ditador, o Itamaraty aparenta
retificar, no governo Dilma Rousseff, a excessiva complacência da
era Lula com ditaduras de estilo
"terceiro-mundista".
Que Chávez, Castro, Gaddafi e
Ahmadinejad se entendam e cubram-se de elogios pelas respectivas televisões oficiais (acompanhados, por vezes, de um Berlusconi nas estripulias); o Brasil pós-Lula não tem nada a ganhar nessa
sinistra companhia.
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