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AGRESSÃO AO ESTADO
O covarde assassinato do juiz
Alexandre Martins de Castro
Filho, na região metropolitana de Vitória (ES), confirmou, ao que tudo
indica, um dos temores despertados
após o homicídio do magistrado Antonio José Machado Dias, ocorrido
no dia 14 deste mês em Presidente
Prudente (SP). Temia-se que o crime
no interior paulista encorajasse outros líderes de quadrilha encarcerados a agir da mesma forma contra
autoridades responsáveis por seus
processos criminais.
Note o leitor a característica peculiar desses dois assassinatos. Em
ambos foi cruzada a fronteira que separa a criminalidade comum dos
atentados contra o Estado e suas instituições. As mortes dos dois juízes
parecem ter sido planejadas e executadas não apenas com o intuito de
eliminar uma figura "indesejável",
mas de transmitir, pela pedagogia do
terror, uma mensagem intimidatória
a outros magistrados e autoridades
que lidam com o crime organizado.
A democracia brasileira não pode
tolerar tamanha ignomínia. O poder
público, com a dureza que lhe permitem as leis, precisa intervir fortemente nesse duelo de mensagens. É necessário deixar claro aos bandidos e a
quem cogite aventurar-se no terreno
do crime contra o Estado que esse é
um caminho certo para a punição severa. E é preciso fazê-lo através da solução rápida desses crimes, do encarceramento e da condenação de
seus autores e do enrijecimento do
regime de prisão dos que porventura
tenham tramado do cárcere esses assassinatos.
Mas isso não basta. É o Estado brasileiro, fustigado seja pela intimidação ostensiva do crime organizado
seja pela infiltração de interesses criminosos em sua própria máquina,
que necessita reorganizar-se urgentemente diante do novo desafio.
Não se trata de inventar novas leis
que prometam, sempre em vão, solucionar facilmente o problema. Trata-se, basicamente, de transformar o
aparato de segurança pública do país
numa estrutura mais eficiente, mais
integrada em suas diversas instâncias, mais bem formada e informada
sobre crime e criminosos e preparada para expurgar rápida e exemplarmente a corrupção que hoje se espraia em suas entranhas.
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