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GUERRA DE VERDADE
Depois da euforia, a realidade.
Os mercados e a parte da opinião pública que sustenta a aventura
bélica de George W. Bush chegaram
a animar-se com a perspectiva de
uma guerra extremamente rápida e
com poucas baixas entre soldados da
coalizão anglo-americana. Mas cinco dias de conflito bastaram para
mostrar que a invasão do Iraque não
será exatamente um passeio.
Ninguém duvida de que as forças
americanas sairão vitoriosas, mas a
reação esboçada por algumas unidades iraquianas -que repeliram ataques, mataram marines e fizeram
prisioneiros- serviu de ducha de
água fria para os que acreditavam
que os Exércitos dos EUA seriam recebidos como libertadores, e não como invasores. Em termos objetivos,
porém, o Pentágono sempre contou
que haveria baixas entre suas forças e
que a guerra poderia durar várias semanas, talvez até meses.
Embora seja mais do que remota
-para não escrever nula- a possibilidade de Bush sair militarmente
derrotado, existem chances concretas de ele sair vencido no campo político. No plano internacional, ele já
perdeu a batalha pela opinião pública mundial e sofre a oposição até de
alguns de seus mais tradicionais aliados, como a Alemanha e a França.
Domesticamente, sua situação é
bem mais confortável, mas não à
prova de reviravoltas. É o front mais
delicado para Bush. Por enquanto, o
presidente conta com o apoio da
grande maioria dos norte-americanos, bem como dos principais meios
de comunicação do país. Isso pode
começar a mudar se forem divulgadas imagens fortes, como as de soldados dos EUA mortos ou feitos prisioneiros pelo Exército iraquiano.
Bush já anda tão isolado nessa
guerra que não pode dar-se ao luxo
de perder nem uma fração do apoio
interno ao conflito. É por isso que
autoridades americanas vêm pedindo aos meios de comunicação do
país que pratiquem a autocensura.
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