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São Paulo, terça-feira, 25 de março de 2003

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GUERRA DE VERDADE

Depois da euforia, a realidade. Os mercados e a parte da opinião pública que sustenta a aventura bélica de George W. Bush chegaram a animar-se com a perspectiva de uma guerra extremamente rápida e com poucas baixas entre soldados da coalizão anglo-americana. Mas cinco dias de conflito bastaram para mostrar que a invasão do Iraque não será exatamente um passeio.
Ninguém duvida de que as forças americanas sairão vitoriosas, mas a reação esboçada por algumas unidades iraquianas -que repeliram ataques, mataram marines e fizeram prisioneiros- serviu de ducha de água fria para os que acreditavam que os Exércitos dos EUA seriam recebidos como libertadores, e não como invasores. Em termos objetivos, porém, o Pentágono sempre contou que haveria baixas entre suas forças e que a guerra poderia durar várias semanas, talvez até meses.
Embora seja mais do que remota -para não escrever nula- a possibilidade de Bush sair militarmente derrotado, existem chances concretas de ele sair vencido no campo político. No plano internacional, ele já perdeu a batalha pela opinião pública mundial e sofre a oposição até de alguns de seus mais tradicionais aliados, como a Alemanha e a França.
Domesticamente, sua situação é bem mais confortável, mas não à prova de reviravoltas. É o front mais delicado para Bush. Por enquanto, o presidente conta com o apoio da grande maioria dos norte-americanos, bem como dos principais meios de comunicação do país. Isso pode começar a mudar se forem divulgadas imagens fortes, como as de soldados dos EUA mortos ou feitos prisioneiros pelo Exército iraquiano.
Bush já anda tão isolado nessa guerra que não pode dar-se ao luxo de perder nem uma fração do apoio interno ao conflito. É por isso que autoridades americanas vêm pedindo aos meios de comunicação do país que pratiquem a autocensura.


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