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CLÓVIS ROSSI
A republiqueta de Lula
SÃO PAULO - A sanha com que o governo Lula se atira sobre o caseiro
Francenildo não é apenas coisa de
gânsters, como diz o presidente da
Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato. É também coisa de republiqueta bananeira, dessas em que
todo o aparelho de Estado está a serviço não do público, mas dos ocupantes de turno do poder.
Os Somozas faziam a mesmíssima
coisa. No Brasil, só faltam o poder absoluto e as violências que o acompanham, porque o resto, especialmente
o deboche, está presente.
Investiga-se o caseiro por suposta
suspeita de lavagem de dinheiro, mas
não se tem notícia de investigação
parecida sobre "os mensaleiros", embora alguns até tenham confessado o
crime do caixa dois ("coisa de bandido", segundo o ministro da Justiça).
Aliás, o caseiro teve o azar de cair
na magérrima cota de 0,5% das investigações efetivamente feitas sobre
as 85 mil comunicações de supostas
irregularidades nesse campo.
Ou seja, "para os amigos tudo, para
os inimigos todo o rigor da lei, quando possível", frase que se atribui a Benedito Valladares (1892/1973), condestável da República Velha.
Na republiqueta lulo-petista, "coisa
de bandido", como o caixa dois, vira
apenas "erro dos companheiros".
Mentira, em depoimento à CPI, vira,
na novilíngua da republiqueta, "imprecisão terminológica". Crime de
violação do sigilo bancário vira "divulgação indevida".
Maquiam cotidianamente a podridão com o caixa dois do idioma.
Eu, que achava que a corrupção e a
desfaçatez do governo Collor seriam
imbatíveis para todo o sempre, começo a desconfiar que estava completamente equivocado.
Não sei, ninguém sabe, se a corrupção é maior agora, com Collor ou no
governo Fernando Henrique. Ninguém investiga a sério, a não ser caseiros. Mas não me lembro de nenhum "collorido" ter bancado Carmen Miranda de republiqueta no
plenário, como fez Ângela Guadagnin, obviamente do PT.
@ - crossi@uol.com.br
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