São Paulo, sábado, 25 de março de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Imagem dilapidada

BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal é o terceiro maior anunciante estatal do país. Só perde para o Banco do Brasil e para a Petrobras.
De 2001 a 2004 (dois anos de FHC e dois de Lula), a CEF torrou R$ 433,3 milhões para lustrar sua imagem, segundo os últimos dados disponíveis. É uma montanha de dinheiro. Em compensação, não há brasileiro que não reconheça o bordão "vem pra Caixa você também, vem!".
Agora, com o escândalo do caseiro Nildo, a CEF teve uma exposição negativa brutal na mídia. Aparece diariamente em todos os jornais impressos, nos telejornais e nas rádios. Neste fim de semana, o logotipo do bancão estatal ilustrará várias revistas.
Na quinta-feira, a charge de Angeli na Folha mostrava um gerente da CEF explicando ao cliente: "Oferecemos caixas 24 horas, bankphone, internet, cheque especial, cartões... Agora, sigilo bancário, só para clientes a favor do governo!". Ontem, Glauco mostrava uma ratazana saindo de um caixa automático.
Essa tonelada de publicidade negativa dilapidará a imagem da CEF. Não importa se a versão oficial apontar para funcionários de médio escalão como os responsáveis pela violação do sigilo. O crime ocorreu dentro da sede central da instituição.
Um aspecto a ser observado no atual escândalo é quanto custa essa perda de imagem para a CEF e quem deve ressarci-la pelo dano causado. A resposta deve ser dada pela equipe econômica de Lula.
Ontem, de maneira indireta, Antonio Palocci falou sobre a atual crise. Como se vivesse num universo paralelo desconhecido, ensaiou uma lição de moral. "Não se pode transformar o debate político em uma crise sem fim." É verdade. Basta a CEF abdicar dos seus 15 dias de prazo autoconcedido para esclarecer quem violou o sigilo do caseiro. Mas aí, por óbvio, não daria tempo de combinar uma boa versão com todos os envolvidos. Melhor esperar e deixar a imagem da empresa descer ralo abaixo.

@ - frodriguesbsb@uol.com.br


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