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FERNANDO RODRIGUES
Imagem dilapidada
BRASÍLIA - A Caixa Econômica Federal é o terceiro maior anunciante
estatal do país. Só perde para o Banco
do Brasil e para a Petrobras.
De 2001 a 2004 (dois anos de FHC e
dois de Lula), a CEF torrou R$ 433,3
milhões para lustrar sua imagem, segundo os últimos dados disponíveis.
É uma montanha de dinheiro. Em
compensação, não há brasileiro que
não reconheça o bordão "vem pra
Caixa você também, vem!".
Agora, com o escândalo do caseiro
Nildo, a CEF teve uma exposição negativa brutal na mídia. Aparece diariamente em todos os jornais impressos, nos telejornais e nas rádios. Neste
fim de semana, o logotipo do bancão
estatal ilustrará várias revistas.
Na quinta-feira, a charge de Angeli
na Folha mostrava um gerente da
CEF explicando ao cliente: "Oferecemos caixas 24 horas, bankphone, internet, cheque especial, cartões...
Agora, sigilo bancário, só para clientes a favor do governo!". Ontem,
Glauco mostrava uma ratazana
saindo de um caixa automático.
Essa tonelada de publicidade negativa dilapidará a imagem da CEF.
Não importa se a versão oficial apontar para funcionários de médio escalão como os responsáveis pela violação do sigilo. O crime ocorreu dentro
da sede central da instituição.
Um aspecto a ser observado no
atual escândalo é quanto custa essa
perda de imagem para a CEF e quem
deve ressarci-la pelo dano causado.
A resposta deve ser dada pela equipe
econômica de Lula.
Ontem, de maneira indireta, Antonio Palocci falou sobre a atual crise.
Como se vivesse num universo paralelo desconhecido, ensaiou uma lição
de moral. "Não se pode transformar
o debate político em uma crise sem
fim." É verdade. Basta a CEF abdicar
dos seus 15 dias de prazo autoconcedido para esclarecer quem violou o
sigilo do caseiro. Mas aí, por óbvio,
não daria tempo de combinar uma
boa versão com todos os envolvidos.
Melhor esperar e deixar a imagem
da empresa descer ralo abaixo.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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