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ANTONIO DELFIM NETTO
As previsões
OS JORNAIS "Valor Econômico" e "The Wall Street
Journal" promoveram, em
Nova York, um importante seminário sobre a economia brasileira
para mostrar ao mundo as oportunidades de bons negócios existentes no Brasil neste momento de
crise financeira mundial.
Nota dissonante foi a "previsão"
sobre o crescimento do Brasil divulgada na mesma semana pelo ex-quase falido Morgan Stanley. Sem
nenhum fundamento objetivo, o
banco afirmou que o Brasil verá
seu PIB cair 4,5% em 2009!
Temos hoje o seguinte em relação às "previsões" de crescimento
do PIB para 2009: a mais pessimista, menos 4,5%, e a mais otimista,
2%. E o que sabemos de fato? Apenas que o ritmo de crescimento
anual, que vinha a nove trimestres
rodando em torno de 5% a 6%,
caiu, no último trimestre de 2008,
para 1,3%. Consequência do "apagão creditício" importado, por precaução, pelos bancos nacionais.
As
informações sobre o primeiro trimestre de 2009 são ainda precárias, mas é certo que a ação do Banco Central tem sido sempre atrasada, tímida e equivocada.
Como deve ser evidente, tais
"previsões" são meros exercícios
de vontade, cujo resultado depende da disposição psicológica mais
ou menos otimista dos seus autores.
Não existe nenhum mecanismo objetivo de "previsor antecedente" aceitável. Na melhor das hipóteses, pode-se estimar precariamente o crescimento do PIB num
trimestre quando se está na metade dele. O crescimento do trimestre jan/mar de 2009 não parece nada brilhante. Será, provavelmente,
próximo de zero quando comparado com o trimestre out/dez de
2008. Isso sugere que, quando for
publicada a estimativa do crescimento anual do PIB entre o primeiro trimestre de 2009 e o seu
homólogo de 2008, ele deverá ser
praticamente nulo!
Vai ser um verdadeiro "choque":
o crescimento anual no primeiro
trimestre de 2008 foi de 6,1%, e o
do primeiro trimestre de 2009 será
muito próximo de zero! Essa informação, porém, não nos permite saber o que serão os próximos nove
meses. Logo, não podemos saber
qual será o crescimento do ano.
Para os pessimistas, o país será
controlado por um governo e um
Banco Central pouco inteligentes e
pouco diligentes. Já os otimistas
têm a esperança (talvez vã) de que
o governo será virtuoso e ativo, e o
Banco Central, mais inteligente e
ousado no uso da sua musculatura.
O crescimento de 2009 será o resultado das ações bem focadas e urgentes tomadas pelo governo e pelas respostas que lhe der o setor
privado. É claro que estamos no
mundo e sujeitos às restrições externas. Mas é mais claro ainda que,
antes de tentar salvar o mundo, devemos tentar salvar o Brasil, mesmo porque talvez os EUA se salvem
antes de nós.
contatodelfimnetto@uol.com.br
ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.
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