São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 2006

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REFORMAS NO FMI

O ambiente econômico favorável explicitou os limites do Fundo Monetário Internacional. Desde 1999, os países emergentes vêm obtendo crescentes superávits em conta corrente -acumulam reservas e reduzem sua dívida externa, inclusive com os órgãos multilaterais. As nações em desenvolvimento, em seu conjunto, já são credoras do sistema financeiro internacional. Estima-se que o FMI passe a apresentar déficits operacionais, tamanha a redução no volume de juros recebidos.
Nesse contexto, é justo que os países em desenvolvimento ampliem suas cotas e seus poderes de decisão na alocação dos recursos do Fundo. No encontro deste mês, o FMI foi autorizado a elaborar propostas acerca da reformulação de sua estrutura de poder e dos seus procedimentos. O tema será objeto de deliberação na reunião de setembro, em Cingapura.
As três principais alterações esperadas são: reforma do sistema de cotas para aumentar o peso dos emergentes; criação de linha de crédito pré-aprovada para países com problemas temporários de liquidez; instituição de "mecanismos vigilância multilaterais" que permitam ao FMI aprofundar sua análise dos desequilíbrios comerciais internacionais e propor soluções corretivas.
O diretor-gerente do Fundo, Rodrigo de Rato, propugna, num primeiro estágio, pelo aumento das cotas -isto é, do valor do voto- de países que apresentaram rápido crescimento nos últimos 15 anos, como China e Coréia do Sul. O segundo passo ainda não está claro, mas poderá significar um aumento dos chamados "votos básicos" para os países africanos e um possível ajuste no número de membros do conselho do Fundo.
Aparentemente os EUA apóiam a proposta de aumentar o peso dos países em desenvolvimento. Mas esse movimento deve redundar na perda de influência dos europeus -daí serem estes, por ora, os maiores óbices à reforma. De todo modo, por oportuno e justo, o projeto de matizar o desequilíbrio de poder que hoje vigora no Fundo merece o apoio da comunidade internacional.


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