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REFORMAS NO FMI
O ambiente econômico favorável explicitou os limites do
Fundo Monetário Internacional.
Desde 1999, os países emergentes
vêm obtendo crescentes superávits
em conta corrente -acumulam reservas e reduzem sua dívida externa,
inclusive com os órgãos multilaterais. As nações em desenvolvimento,
em seu conjunto, já são credoras do
sistema financeiro internacional. Estima-se que o FMI passe a apresentar
déficits operacionais, tamanha a redução no volume de juros recebidos.
Nesse contexto, é justo que os países em desenvolvimento ampliem
suas cotas e seus poderes de decisão
na alocação dos recursos do Fundo.
No encontro deste mês, o FMI foi autorizado a elaborar propostas acerca
da reformulação de sua estrutura de
poder e dos seus procedimentos. O
tema será objeto de deliberação na
reunião de setembro, em Cingapura.
As três principais alterações esperadas são: reforma do sistema de cotas para aumentar o peso dos emergentes; criação de linha de crédito
pré-aprovada para países com problemas temporários de liquidez; instituição de "mecanismos vigilância
multilaterais" que permitam ao FMI
aprofundar sua análise dos desequilíbrios comerciais internacionais e
propor soluções corretivas.
O diretor-gerente do Fundo, Rodrigo de Rato, propugna, num primeiro
estágio, pelo aumento das cotas
-isto é, do valor do voto- de países
que apresentaram rápido crescimento nos últimos 15 anos, como China
e Coréia do Sul. O segundo passo
ainda não está claro, mas poderá significar um aumento dos chamados
"votos básicos" para os países africanos e um possível ajuste no número
de membros do conselho do Fundo.
Aparentemente os EUA apóiam a
proposta de aumentar o peso dos
países em desenvolvimento. Mas esse movimento deve redundar na perda de influência dos europeus -daí
serem estes, por ora, os maiores óbices à reforma. De todo modo, por
oportuno e justo, o projeto de matizar o desequilíbrio de poder que hoje
vigora no Fundo merece o apoio da
comunidade internacional.
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