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ALERTA NOS TRANSPLANTES
Médicos e pacientes já desconfiavam de que o sistema nacional de transplantes apresentava
uma série de problemas, incluindo
vulnerabilidade a fraudes. O que
eram suspeitas acabam de ganhar
materialidade com a recente auditoria realizada pelo Tribunal de Contas
da União apontando desorganização
e falta de segurança no sistema.
A situação preocupa. De acordo
com o tribunal, não há controle sobre quem tem acesso à lista única. A
ordem de inscrição na fila pode ser
facilmente alterada. Além disso, as
centrais de transplante estaduais e
regionais não se comunicam, o que
pode levar ao desperdício de órgãos.
Existem no Brasil 62.785 doentes
(dado de maio de 2005) à espera de
um transplante. Para pouco mais de
10% deles, que aguardam um órgão
vital cujas funções não podem ser
substituídas por máquinas, a operação é a única esperança.
É fundamental, portanto, cuidar
para que o sistema de transplantes,
no qual o país investe R$ 400 milhões
por ano, funcione adequadamente.
O mínimo que se espera é que as centrais sejam capazes de comunicar-se.
Mas apenas isso não basta.
É preciso melhorar a captação. Em
2004, o Brasil registrou 5.050 mortes
encefálicas, mas apenas 1.417 resultaram em doações, um aproveitamento de 28%, quando o ideal seria
conseguir de 40% a 45%.
A principal barreira é a falta de incentivos à formação de equipes capazes de fazer o diagnóstico do óbito
encefálico (que nada tem de trivial),
providenciem a autorização da família e a retirada dos órgãos. Vários
hospitais nem ao menos notificam
as suspeitas de morte encefálica,
pois não possuem pessoal e equipamentos adequados para confirmá-la.
Como se já não bastassem todos
esses problemas, notícias de que o
sistema não é confiável normalmente contribuem para reduzir ainda
mais o número de doações. É inadmissível que, na era dos computadores, o Ministério da Saúde não consiga organizar uma fila.
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