São Paulo, sábado, 25 de abril de 2009

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Editoriais

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Resta um gargalo

O TRAVAMENTO súbito do crédito a partir de outubro foi uma das causas principais do brusco desaquecimento da economia brasileira. Em março houve sinais de melhora do crédito, mas apenas parcial. De acordo com os dados divulgados anteontem pelo Banco Central, a concessão de crédito aos consumidores voltou a crescer, mas os empréstimos às empresas seguiram em retração.
Uma hipótese para explicar essa menor contratação de dívidas pelas empresas seria a retração da demanda. Nesse ambiente, as firmas produzem e, sobretudo, investem menos. Mas a explicação, no caso, parece incompleta. Há evidências de que uma parcela das empresas simplesmente não consegue obter, nos bancos, o financiamento de que necessita para tocar a produção.
As autoridades vêm tomando diversas iniciativas para reanimar o crédito. O governo federal restituiu aos bancos enorme volume de recursos que estavam retidos no Banco Central -órgão que, desde janeiro, vem reduzindo a taxa de juros básica, a Selic, hoje fixada em 11,25% ao ano.
Os bancos públicos, por seu turno, aceleraram significativamente a concessão de crédito, compensando em parte a retração das instituições privadas. E o governo passou a garantir títulos de dívida emitidos por bancos de menor porte, que desde outubro enfrentam muita dificuldade para captar recursos -tanto no exterior como no Brasil.
Essa última medida entrou em vigor apenas em abril -e os dados do BC, que retratam a situação até o final de março, sugerem que ela já tardava. Os bancos menores têm como principal clientela as empresas médias e pequenas, que são importantíssimas geradoras de empregos.
Entre os principais gargalos domésticos surgidos no final de 2008, o crédito às empresas menores parece ser o único que ainda não foi desobstruído.


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