|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Resta um gargalo
O TRAVAMENTO súbito do
crédito a partir de outubro foi uma das causas
principais do brusco desaquecimento da economia brasileira.
Em março houve sinais de melhora do crédito, mas apenas
parcial. De acordo com os dados
divulgados anteontem pelo Banco Central, a concessão de crédito aos consumidores voltou a
crescer, mas os empréstimos às
empresas seguiram em retração.
Uma hipótese para explicar essa menor contratação de dívidas
pelas empresas seria a retração
da demanda. Nesse ambiente, as
firmas produzem e, sobretudo,
investem menos. Mas a explicação, no caso, parece incompleta.
Há evidências de que uma parcela das empresas simplesmente
não consegue obter, nos bancos,
o financiamento de que necessita para tocar a produção.
As autoridades vêm tomando
diversas iniciativas para reanimar o crédito. O governo federal
restituiu aos bancos enorme volume de recursos que estavam
retidos no Banco Central -órgão
que, desde janeiro, vem reduzindo a taxa de juros básica, a Selic,
hoje fixada em 11,25% ao ano.
Os bancos públicos, por seu
turno, aceleraram significativamente a concessão de crédito,
compensando em parte a retração das instituições privadas. E o
governo passou a garantir títulos
de dívida emitidos por bancos de
menor porte, que desde outubro
enfrentam muita dificuldade para captar recursos -tanto no exterior como no Brasil.
Essa última medida entrou em
vigor apenas em abril -e os dados do BC, que retratam a situação até o final de março, sugerem
que ela já tardava. Os bancos menores têm como principal clientela as empresas médias e pequenas, que são importantíssimas
geradoras de empregos.
Entre os principais gargalos
domésticos surgidos no final de
2008, o crédito às empresas menores parece ser o único que ainda não foi desobstruído.
Texto Anterior: Editoriais: Passagens sem tutela Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: E o Nobel do Cinismo vai para... Índice
|