São Paulo, sábado, 25 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLÓVIS ROSSI

Será?

SÃO PAULO - A operação conjunta da polícia paulista com o Ministério Público contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) parecer ser a primeira boa notícia na área de segurança pública oferecida aos paulistas em muitos e muitos anos.
À primeira vista, a operação contém a maioria dos elementos que os especialistas vinham apontando como essenciais, se o poder público quer mesmo devolver um mínimo de segurança à população: preparação, prevenção, serviço de inteligência, abrangência, eficácia.
Os céticos de plantão -entre os quais geralmente me incluo- dirão que o trabalho deve ter sido facilitado pelo fato de que a maior parte dos alvos estava na cadeia, um local supostamente simples de controlar e vigiar. No Brasil, não é bem assim, mas passemos adiante.
Mesmo que se dê um desconto para essa suposta ou real facilidade, são ações desse gênero que devolvem um mínimo de auto-estima ao aparelho policial e um mínimo de confiança ao público sobre a capacidade de o aparelho estatal, uma vez na vida, ganhar da criminalidade. E é bom grifar "mínimo".
A questão é saber se foi apenas uma operação excepcional, que jamais será repetida, ou se se trata de um novo padrão operacional. O número de agentes públicos envolvidos (1.500 policiais, entre civis e militares, sem contar promotores) sugere claramente uma excepcionalidade.
Será que a polícia e o Ministério Público têm quadros suficientes para fazer outras ações do gênero, ainda que menos abrangentes, e ao mesmo tempo tocar a rotina?
É da resposta a essa pergunta que depende, em grande medida, a possibilidade de começar a restaurar a confiabilidade no aparato de segurança, uma tarefa, de todo modo, para o médio prazo e, assim mesmo, se se conferir a ela a prioridade absoluta que merece.


Texto Anterior: Editoriais: BUSH NA EUROPA

Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: A ética de Simon e Rita
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.