|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Será?
SÃO PAULO - A operação conjunta da polícia paulista com o Ministério
Público contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) parecer ser a primeira boa notícia na área de segurança pública oferecida aos paulistas
em muitos e muitos anos.
À primeira vista, a operação contém a maioria dos elementos que os
especialistas vinham apontando como essenciais, se o poder público quer
mesmo devolver um mínimo de segurança à população: preparação, prevenção, serviço de inteligência,
abrangência, eficácia.
Os céticos de plantão -entre os
quais geralmente me incluo- dirão
que o trabalho deve ter sido facilitado
pelo fato de que a maior parte dos alvos estava na cadeia, um local supostamente simples de controlar e vigiar.
No Brasil, não é bem assim, mas passemos adiante.
Mesmo que se dê um desconto para
essa suposta ou real facilidade, são
ações desse gênero que devolvem um
mínimo de auto-estima ao aparelho
policial e um mínimo de confiança
ao público sobre a capacidade de o
aparelho estatal, uma vez na vida,
ganhar da criminalidade. E é bom
grifar "mínimo".
A questão é saber se foi apenas uma
operação excepcional, que jamais será repetida, ou se se trata de um novo
padrão operacional. O número de
agentes públicos envolvidos (1.500
policiais, entre civis e militares, sem
contar promotores) sugere claramente uma excepcionalidade.
Será que a polícia e o Ministério
Público têm quadros suficientes para
fazer outras ações do gênero, ainda
que menos abrangentes, e ao mesmo
tempo tocar a rotina?
É da resposta a essa pergunta que
depende, em grande medida, a possibilidade de começar a restaurar a
confiabilidade no aparato de segurança, uma tarefa, de todo modo, para o médio prazo e, assim mesmo, se
se conferir a ela a prioridade absoluta que merece.
Texto Anterior: Editoriais: BUSH NA EUROPA
Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: A ética de Simon e Rita Índice
|