São Paulo, sábado, 25 de maio de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

A ética de Simon e Rita

BRASÍLIA - Nada contra, tudo a favor da imagem pública do senador Pedro Simon (PMDB-RS), ex-governador gaúcho. Austero, crítico e com um currículo em que não se lêem escândalos. O mesmo parece ser possível afirmar a respeito da deputada Rita Camata (PMDB-ES).
É assim que se constroem mitos em Brasília. Por conta da imagem de inatacáveis, Simon e Rita desfrutam de uma espécie de habeas corpus preventivo a respeito da indecisão atávica sobre ser governo ou oposição.
Há anos dois grupos se digladiam no PMDB. Um dos lados é de oposição. Inclui Orestes Quércia, Itamar Franco e outros. Na outra banda, estão os governistas, como Michel Temer e Geddel Vieira Lima.
E Pedro Simon e Rita Camata? Os dois, éticos, flanaram ao sabor do vento nos anos FHC. Um pouco na oposição. Um pouco no governo.
Pode-se reclamar dos métodos usados pelos governistas do PMDB. Mas nunca ninguém em Brasília duvidou de que essa turma quisesse mesmo apoiar um candidato tucano a presidente da República -até quando diziam, para enganar Itamar Franco, defender a candidatura própria.
Também é possível questionar a forma de agir de Orestes Quércia. Mas é inegável que ele esteve sempre na oposição durante os sete anos e meio do governo FHC.
Em resumo, oposicionistas e governistas do PMDB são, pelo menos, firmes naquilo que dizem defender.
Simon e Rita são diferentes.
Simon até outro dia queria ser o candidato do PMDB a presidente. Rita Camata conspirava avidamente para retirar Geddel Vieira Lima da liderança do partido na Câmara.
Nomeada candidata a vice-presidente na chapa do PSDB, Rita transmutou-se em governista. Preterido, Simon mostrou-se irritado. José Serra o visitou e a mágoa passou.
É uma ética muito própria essa de Simon e de Rita Camata. Peculiar.


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