|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
A ética de Simon e Rita
BRASÍLIA - Nada contra, tudo a favor da imagem pública do senador
Pedro Simon (PMDB-RS), ex-governador gaúcho. Austero, crítico e com
um currículo em que não se lêem escândalos. O mesmo parece ser possível afirmar a respeito da deputada
Rita Camata (PMDB-ES).
É assim que se constroem mitos em
Brasília. Por conta da imagem de
inatacáveis, Simon e Rita desfrutam
de uma espécie de habeas corpus preventivo a respeito da indecisão atávica sobre ser governo ou oposição.
Há anos dois grupos se digladiam
no PMDB. Um dos lados é de oposição. Inclui Orestes Quércia, Itamar
Franco e outros. Na outra banda, estão os governistas, como Michel Temer e Geddel Vieira Lima.
E Pedro Simon e Rita Camata? Os
dois, éticos, flanaram ao sabor do
vento nos anos FHC. Um pouco na
oposição. Um pouco no governo.
Pode-se reclamar dos métodos usados pelos governistas do PMDB. Mas
nunca ninguém em Brasília duvidou
de que essa turma quisesse mesmo
apoiar um candidato tucano a presidente da República -até quando diziam, para enganar Itamar Franco,
defender a candidatura própria.
Também é possível questionar a
forma de agir de Orestes Quércia.
Mas é inegável que ele esteve sempre
na oposição durante os sete anos e
meio do governo FHC.
Em resumo, oposicionistas e governistas do PMDB são, pelo menos, firmes naquilo que dizem defender.
Simon e Rita são diferentes.
Simon até outro dia queria ser o
candidato do PMDB a presidente.
Rita Camata conspirava avidamente para retirar Geddel Vieira Lima
da liderança do partido na Câmara.
Nomeada candidata a vice-presidente na chapa do PSDB, Rita transmutou-se em governista. Preterido,
Simon mostrou-se irritado. José Serra o visitou e a mágoa passou.
É uma ética muito própria essa de
Simon e de Rita Camata. Peculiar.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Será? Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Sugestão para a paz Índice
|