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CRISE ADMINISTRÁVEL
As políticas monetárias e fiscais expansionistas nas três
principais áreas econômicas -EUA,
Japão e Europa- contiveram os efeitos depressivos da desvalorização da
riqueza financeira, após a explosão
da bolha de ações de tecnologia, a
partir de março de 2000, e da sobreacumulação produtiva nos setores de
telecomunicações e informática.
Passados quatro anos do início da
crise, a economia mundial emite, hoje, claros sinais de reaquecimento.
Organismos multilaterais, como o
FMI, projetam crescimento mundial
em torno de 4,6%. Nesse contexto,
os mercados financeiros promovem
uma reacomodação dos preços dos
ativos e dos portfólios.
As taxas de juros americanas irão
aumentar, mas de forma gradual, de
modo a não provocar turbulências
mais perigosas nos mercados imobiliários e de ativos financeiros locais.
Os preços das commodities devem
cair, mas não de forma abrupta, dada a elevada demanda mundial. A taxa de crescimento da China poderá
se desacelerar de 10% para 8%, sem
grandes perturbações globais. Isso
não significa que não há risco. O
maior deles é, por ora, o preço do petróleo, já que o aumento da oferta está associado a questões geopolíticas.
A elevada volatilidade nos ativos
brasileiros revela a busca de um novo
patamar de preços. Mas não parece
provável uma redução na oferta e
uma elevação drástica nas taxas de
juros nas captações internacionais
de empresas e bancos brasileiros. O
comportamento das linhas de comércio exterior parece confirmar essa percepção. Os recursos para financiamento à exportação e importação continuam disponíveis, com ligeiro aumento nas taxas de juros.
Enfim, a turbulência atual parece se
inscrever num ciclo curto, com reacomodações nos níveis de aversão e
de apetite ao risco. Se essa avaliação
for verdadeira, torna-se ainda mais
relevante, para o Brasil, avançar na
redução da vulnerabilidade externa.
O país deveria aproveitar a onda de
crescimento mundial para continuar
ampliando as suas exportações, consolidar o superávit em conta corrente
e procurar aumentar as reservas internacionais do Banco Central.
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