São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2004

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CRISE ADMINISTRÁVEL

As políticas monetárias e fiscais expansionistas nas três principais áreas econômicas -EUA, Japão e Europa- contiveram os efeitos depressivos da desvalorização da riqueza financeira, após a explosão da bolha de ações de tecnologia, a partir de março de 2000, e da sobreacumulação produtiva nos setores de telecomunicações e informática. Passados quatro anos do início da crise, a economia mundial emite, hoje, claros sinais de reaquecimento. Organismos multilaterais, como o FMI, projetam crescimento mundial em torno de 4,6%. Nesse contexto, os mercados financeiros promovem uma reacomodação dos preços dos ativos e dos portfólios.
As taxas de juros americanas irão aumentar, mas de forma gradual, de modo a não provocar turbulências mais perigosas nos mercados imobiliários e de ativos financeiros locais. Os preços das commodities devem cair, mas não de forma abrupta, dada a elevada demanda mundial. A taxa de crescimento da China poderá se desacelerar de 10% para 8%, sem grandes perturbações globais. Isso não significa que não há risco. O maior deles é, por ora, o preço do petróleo, já que o aumento da oferta está associado a questões geopolíticas.
A elevada volatilidade nos ativos brasileiros revela a busca de um novo patamar de preços. Mas não parece provável uma redução na oferta e uma elevação drástica nas taxas de juros nas captações internacionais de empresas e bancos brasileiros. O comportamento das linhas de comércio exterior parece confirmar essa percepção. Os recursos para financiamento à exportação e importação continuam disponíveis, com ligeiro aumento nas taxas de juros.
Enfim, a turbulência atual parece se inscrever num ciclo curto, com reacomodações nos níveis de aversão e de apetite ao risco. Se essa avaliação for verdadeira, torna-se ainda mais relevante, para o Brasil, avançar na redução da vulnerabilidade externa. O país deveria aproveitar a onda de crescimento mundial para continuar ampliando as suas exportações, consolidar o superávit em conta corrente e procurar aumentar as reservas internacionais do Banco Central.


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