São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

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Apagão no Masp

O MASP reúne a principal coleção de arte moderna da América Latina. As 7.517 obras do acervo, entre as quais telas de Van Gogh, Picasso e Monet, são avaliadas em cerca de US$ 1,2 bilhão. Mas falta dinheiro para pagar a conta de luz.
Em razão de uma dívida de R$ 3,47 milhões com a Eletropaulo, o museu teve o fornecimento de energia elétrica cortado na terça-feira. Acumulada num período de sete anos de inadimplência, a dívida soma-se a um desfalque de R$ 414 mil referente à época em que o Masp recorreu a um procedimento inventivo: um "gato" para obter eletricidade.
É preciso que a direção do museu faça jus à subvenção que recebe da prefeitura e à importância do espaço para a cidade. Além de normalizar o atendimento ao público -até o momento, a energia tem sido fornecida por meio de geradores- é preciso garantir a preservação do acervo. Em muitos casos, uma ligeira alteração na refrigeração basta para danificar a obra.
Em que pese o histórico de dívidas acumulado pela atual gestão, é preciso lembrar que o museu galvaniza um conjunto de rivalidades no meio artístico que em nada contribui para melhorar o cenário. Ainda mais grave, a estagnação do Masp esbarra na rarefação da cultura de apoio às artes no Brasil. Forjado em moldes europeus, o museu ainda não encontrou no país um modelo de sustentação à altura de suas pretensões.
Recentemente, foi vetada a iniciativa do presidente do Masp de construir uma torre no prédio ao lado para garantir a captação de fundos. Diante da negativa, a direção do museu e os grupos que lhe fazem oposição deveriam ter envidado esforços para lançar um modelo alternativo e viável de financiamento. O Masp não pode fenecer em plena avenida Paulista, circundado de riqueza por todos os lados.


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