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Apagão no Masp
O
MASP reúne a principal coleção de arte moderna da
América Latina. As 7.517
obras do acervo, entre as quais
telas de Van Gogh, Picasso e Monet, são avaliadas em cerca de
US$ 1,2 bilhão. Mas falta dinheiro para pagar a conta de luz.
Em razão de uma dívida de R$
3,47 milhões com a Eletropaulo,
o museu teve o fornecimento de
energia elétrica cortado na terça-feira. Acumulada num período
de sete anos de inadimplência, a
dívida soma-se a um desfalque
de R$ 414 mil referente à época
em que o Masp recorreu a um
procedimento inventivo: um
"gato" para obter eletricidade.
É preciso que a direção do museu faça jus à subvenção que recebe da prefeitura e à importância do espaço para a cidade. Além
de normalizar o atendimento ao
público -até o momento, a energia tem sido fornecida por meio
de geradores- é preciso garantir
a preservação do acervo. Em
muitos casos, uma ligeira alteração na refrigeração basta para
danificar a obra.
Em que pese o histórico de dívidas acumulado pela atual gestão, é preciso lembrar que o museu galvaniza um conjunto de rivalidades no meio artístico que
em nada contribui para melhorar o cenário. Ainda mais grave, a
estagnação do Masp esbarra na
rarefação da cultura de apoio às
artes no Brasil. Forjado em moldes europeus, o museu ainda não
encontrou no país um modelo de
sustentação à altura de suas pretensões.
Recentemente, foi vetada a iniciativa do presidente do Masp de
construir uma torre no prédio ao
lado para garantir a captação de
fundos. Diante da negativa, a direção do museu e os grupos que
lhe fazem oposição deveriam ter
envidado esforços para lançar
um modelo alternativo e viável
de financiamento. O Masp não
pode fenecer em plena avenida
Paulista, circundado de riqueza
por todos os lados.
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