São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006 |
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CLÓVIS ROSSI Os mercados e os votos SÃO PAULO - O nervosismo nos
mercados começa a provocar especulações sobre eventuais efeitos
eleitorais. Mas é bom ter presente
uma coisa, a única que se pode dizer
com alguma segurança: quem espera uma repetição do quase caos de
2002 vai perder.
Primeiro, porque não há, desta
vez, um único candidato inimigo
dos mercados, como Lula parecia
ser há quatro anos, para se revelar,
depois, o amigo do peito deles.
Segundo, porque as chances de
distúrbios realmente sérios nos
mercados financeiros são moderadas. O dólar pode subir, como vem
subindo, o risco-país idem, mas há
espaço em tese para absorção sem
traumas políticos. Até porque o jogo das finanças não atinge a massa
de eleitores.
A menos, é claro, que haja espetáculo especulativo, em que as notícias da crise levem insegurança ao
público das arquibancadas.
O problema seria o efeito sobre a
chamada economia real ou, mais
exatamente, sobre o crescimento,
que se pode dar de duas formas. Ou
o Banco Central, já tarado pelo conservadorismo, breca os cortes de juros, com o inevitável efeito sobre as
expectativas e, por extensão, sobre
a dinâmica econômica.
Ou ocorre crise séria nos Estados
Unidos, com os inevitáveis efeitos
sobre a economia global. O problema seria o estouro da bolha imobiliária, pela seguinte razão: o valor
total dos imóveis nas economias
desenvolvidas subiu mais de US$
30 trilhões (trilhões, repito) nos últimos cinco anos. Ou seja, só a valorização foi 37 vezes maior que toda
a economia brasileira.
Imagine então o tamanho potencial do estouro se os juros continuarem aumentando. De todo modo, é
mais provável que haja apenas um
esvaziamento paulatino da bolha,
não desastroso.
Eleitoralmente, portanto, ainda
parece que o leão é manso.
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