São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

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VALDO CRUZ

Pilatos perde

BRASÍLIA - A direção do Congresso Nacional resolveu dar uma de Pôncio Pilatos e lavou as mãos no caso dos deputados envolvidos com o escândalo dos sanguessugas -aqueles que se aliaram a empresários que vendiam ambulâncias superfaturadas.
Ontem, depois de mais de 15 dias analisando documentos que incriminam vários de seus colegas, o comando do Congresso transferiu a responsabilidade em apontar culpados pelos desvios à Procuradoria Geral da República.
Tomou a decisão diante das pressões corporativistas e ao descobrir que o número de enrolados com a quadrilha dos sanguessugas só fazia aumentar. Um horror.
Criticados, Aldo Rebelo e Renan Calheiros, presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, prometeram que a Corregedoria da Casa vai, sim, investigar os parlamentares ligados à máfia das ambulâncias.
Quando? Depois que o procurador Antonio Fernando de Souza denunciar os deputados suspeitos de integrar o esquema. Em outras palavras, não tiveram coragem de fazer, eles mesmos, a lista da vergonha. Fugiram do ônus.
Também, não era de se esperar muito desse Congresso. No mesmo dia em que evitaram listar os sanguessugas, os deputados absolveram mais um mensaleiro e salvaram Vadão Gomes (PP-SP).
Dá para acreditar que eles cassariam colegas flagrados embolsando um dinheirinho em troca de emendas para compra de ambulâncias superfaturadas e estragadas?
E assim vai terminando o mandato do atual Congresso, estigmatizado pelos escândalos do mensalão e dos sanguessugas.
Resta ao eleitor fazer seu julgamento nas urnas em outubro. Infelizmente, a história tem mostrado que as falcatruas se repetem. Com velhas e novas caras também.


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