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CLÓVIS ROSSI
Um
SÃO PAULO - A sabedoria popular
diz que todo político é ladrão. É
uma injustiça? É. É preconceito? É.
Mas convenhamos que o mundo
político brasileiro não poupa esforços diuturnos para transformar esse preconceito em um conceito
aceitável.
Prova-o a repercussão da morte
do senador Jefferson Péres. Dos leitores no seu "Painel" a colegas da
política, as duas grandes características destacadas na vida do senador
foram a firmeza de convicções e a
honestidade.
Claro que ambas são qualidades,
mas, em algum tempo remoto, foram também -e acima de tudo-
obrigações. Obrigações primárias.
Para políticos, então, mais ainda.
Deles, como da mulher de César,
exigia-se que, além de serem honestos, parecessem honestos.
No Brasil contemporâneo (e não
tão contemporâneo assim), até políticos honestos não parecem honestos porque a sabedoria popular
não consegue acreditar que freirinhas em bordel lá estejam para catequizar as moças.
Tanto é assim que até um político
100% político, como é o deputado
federal Miro Teixeira (PDT-RJ), reconhece: "Pessoas dessa qualidade
se tornam cada vez mais raras na vida pública".
De fato, no Congresso Nacional
abundam os casos de congressistas
que, em vez de biografia, têm folha
corrida.
O diabo é que todos eles, assim
como todos os demais detentores
de mandatos, são eleitos, o que levou o próprio Péres a dizer, da tribuna, durante o episódio do mensalão: "A crise ética não é só da classe
política, não, parece que ela atinge
grande parte da sociedade brasileira", conforme ajuda-memória do
site "Congresso em Foco".
Por isso, afirmava também que
abandonaria a política.
Quem foi mesmo que disse "pobre do país que precisa de heróis"?
Mais pobre ainda é o país que precisa de um político honesto. Um.
crossi@uol.com.br
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