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Editoriais
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Os ricos e seus riscos
OS PLANOS de resgate dos
sistemas financeiros e os
programas de estímulo às
economias terão grandes repercussões sobre as dívidas públicas
dos países desenvolvidos. Alguns
analistas já sugerem que o impacto fiscal da crise financeira
atual será equivalente ao de uma
guerra em grande escala.
Estima-se que a dívida do governo britânico represente 69%
do PIB no ano que vem. Nos
EUA, o indicador pode atingir
82%. A dívida pública americana
saltou de 42% do PIB em 1940
para 110% em 1945, ao final da
Segunda Guerra Mundial. Depois reduzida paulatinamente,
chegou a 25% do PIB em 1970.
Com as contas do Reino Unido
em deterioração, a agência de
classificação de riscos Standard
& Poor's colocou em revisão a
nota do país de "estável" para
"negativa". Rebaixada, a nação
perderia a nota máxima, isto é, o
risco tido como inexistente de
aplicar um calote.
Nos últimos meses, Espanha,
Portugal, Irlanda, Grécia e Islândia já tiveram suas notas de crédito reduzidas ou colocadas em
perspectiva de baixa. Nesse cenário, surgiram rumores de que a
nota do Tesouro americano também seria rebaixada. Os boatos
incitaram um surto de fuga do
dólar e da libra, acentuado no final da semana passada, redundando em aguda desvalorização
diante do euro e do iene.
Se ocorrer, a redução das notas
de Reino Unido e EUA não significará risco elevado de insolvência. Mas aumentará o custo das
dívidas públicas, com investidores exigindo juros mais altos para emprestar a esses países.
Países desenvolvidos começam a experimentar o estrago
que os veredictos, não raro estapafúrdios e arbitrários, de agências de risco desencadeiam nas
finanças nacionais. Tais agências, vale lembrar, abonaram alegremente a farra irresponsável
que se fez a partir de hipotecas
americanas de altíssimo risco.
Crise após crise, sedimenta-se
a convicção de que o comportamento das agências de risco é, ele
próprio, um grande risco. Elas
ajudam a aprofundar as turbulências financeiras, como bem
sabem os países emergentes. Esta crise, por sua abrangência e intensidade, deveria deixar como
legado positivo a regulamentação da atividade desses rotuladores da solvência alheia.
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