São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2004 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENDÊNCIAS/DEBATES Alavanca para o desenvolvimento
JAQUES WAGNER
O diálogo social vem sendo valorizado e estimulado também por vários organismos internacionais, como a OIT, Unctad, Pnud, BID e Bird, sendo considerado em muitos documentos oficiais peça imprescindível para garantir a governabilidade democrática. Isso porque soluções tecnicamente corretas, em políticas públicas, não são necessariamente as melhores; serão melhores aquelas que, sem perder a consistência técnica, tenham apoio da sociedade. Afinal, o que se demanda da democracia moderna é justiça e participação, com vistas à coesão social. Nesse sentido, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão colegiado de assessoramento direto ao presidente da República, é um lugar privilegiado para viabilizar esse processo. Ele conta com a representação de praticamente todos os atores sociais brasileiros, o que lhe confere legitimidade suficiente para se empenhar nessa tarefa e levá-la ao conjunto da nacionalidade, de forma complementar às prerrogativas próprias e insubstituíveis do Poder Legislativo. O que temos produzido até agora atesta as potencialidades do conselho para essa tarefa. Desde sua instalação, o CDES discutiu em profundidade as propostas das reformas previdenciária, tributária, sindical e trabalhista. Elementos importantes dessas concertações foram incorporados às propostas já enviadas ou por enviar ao Congresso Nacional. Além das reuniões ordinárias do pleno, foram criados grupos temáticos para a discussão de temas conjunturais de interesse nacional a questões de médio e longo prazo ligadas ao planejamento estratégico para o futuro do país. Temas como licenciamento ambiental, a política industrial e tecnológica, políticas sociais e a retomada do crescimento sustentado foram discutidos pelos conselheiros com a participação dos vários ministérios envolvidos, em clima de mediação e de diálogo produtivos. O diálogo social e a integração de políticas públicas são, pois, as ferramentas principais para que se possa romper com a falsa dicotomia entre estabilidade e desenvolvimento. A articulação entre metas macroeconômicas e de crescimento surge como um caminho alternativo seguro para obter, a um só tempo, a consolidação necessária da estabilidade e a geração de um cenário propício ao desenvolvimento sustentado, em que será possível tanto a elevação do nível de emprego quanto o crescimento da renda do trabalho e do mercado interno de consumo. Eis por que, à base do diálogo social, da construção de consensos e de uma verdadeira concertação nacional, acreditamos ser possível a construção de uma agenda nacional de desenvolvimento, roteiro básico para inaugurar uma espiral virtuosa de democracia aprofundada, inclusão social, redução de todas as desigualdades, acelerado desenvolvimento eqüitativo e sustentável, além de inserção internacional soberana. Nessa concepção, o diálogo social consolidado é uma verdadeira alavanca para o desenvolvimento. Jaques Wagner, 53, é ministro da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República. Foi ministro do Trabalho e Emprego (2003-04). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Betty Milan: O Brasil na França Índice |
|