São Paulo, sexta-feira, 25 de junho de 2010

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Conjunção negativa

Resultado de pesquisa, dificuldades com alianças e problemas para escolha de vice caracterizam fase ruim para o candidato tucano

Nos meses de fevereiro e março, o governador de São Paulo, José Serra, experimentou alguns dissabores. Seu afilhado político, o prefeito Gilberto Kassab, teve o mandato cassado por decisão de um juiz, que viu irregularidades em doações relativas à campanha de 2008. A decisão caiu, mas o episódio não foi bom para a imagem de Serra, então virtual candidato do PSDB à Presidência da República.
Para aumentar o desconforto, enchentes deixaram a capital às portas do caos e pesquisas de intenção de votos mostraram que a liderança eleitoral do tucano começava a ser corroída pela ascensão da candidata do Planalto.
Alguns comentaristas lembraram que o governador vivia seu "inferno astral" -ou seja, o período de 30 dias que antecede a data de aniversário, quando, segundo a superstição astrológica, pessoas ficam mais vulneráveis a ocorrências negativas. Serra, nascido sob o signo de Peixes, comemorou 68 anos no dia 19 de março.
Mas se aquela foi a fase da má sorte, o que dizer da quadra atual? Pela primeira vez uma pesquisa mostra Dilma Rousseff em nítida vantagem sobre o pretendente do PSDB. Segundo dados apurados pelo Ibope, a petista, que avança no eleitorado do Sudeste, chegaria à frente no primeiro turno e venceria o rival no segundo.
Embora ainda seja um tanto cedo para interpretações definitivas, trata-se de uma péssima notícia para Serra, que pouco antes da realização do levantamento havia sido o protagonista de um programa de TV de sua sigla.
Vê-se que não será nada fácil para a oposição conter a maré da candidatura Dilma. Primeiro, pelo fato de o governismo exercer muito peso na disputa; segundo, porque o presidente Lula, ao contrário de seu antecessor Fernando Henrique Cardoso, experimenta, ao final do mandato, índices inéditos de popularidade, em meio a uma conjuntura econômica extremamente favorável ao país.
Do outro lado, são muitas as dificuldades da campanha tucana. O ex-governador, por exemplo, tem se deparado com obstáculos para fechar alianças regionais, situação que, aliás, poderá se agravar caso outras pesquisas confirmem o movimento ora registrado.
A própria escolha do vice de Serra permanece embaraçada, depois de o senador Sérgio Guerra, possível nome para a formação de uma chapa "puro-sangue", ter sido alvo de reportagens acerca de contratações duvidosas de funcionários de seu gabinete.
Numa campanha com as características da atual, o candidato da oposição precisa, para triunfar, cercar-se de fatores os mais positivos possíveis -ou esperar por algum grande deslize do concorrente. Não foi, até aqui, o que os astros reservaram para Serra.


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