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Conjunção negativa
Resultado de pesquisa, dificuldades com alianças e problemas para escolha de vice caracterizam fase ruim para o candidato tucano
Nos meses de fevereiro e março,
o governador de São Paulo, José
Serra, experimentou alguns dissabores. Seu afilhado político, o prefeito Gilberto Kassab, teve o mandato cassado por decisão de um
juiz, que viu irregularidades em
doações relativas à campanha de
2008. A decisão caiu, mas o episódio não foi bom para a imagem de
Serra, então virtual candidato do
PSDB à Presidência da República.
Para aumentar o desconforto,
enchentes deixaram a capital às
portas do caos e pesquisas de intenção de votos mostraram que a
liderança eleitoral do tucano começava a ser corroída pela ascensão da candidata do Planalto.
Alguns comentaristas lembraram que o governador vivia seu
"inferno astral" -ou seja, o período de 30 dias que antecede a data
de aniversário, quando, segundo
a superstição astrológica, pessoas
ficam mais vulneráveis a ocorrências negativas. Serra, nascido sob
o signo de Peixes, comemorou 68
anos no dia 19 de março.
Mas se aquela foi a fase da má
sorte, o que dizer da quadra atual?
Pela primeira vez uma pesquisa
mostra Dilma Rousseff em nítida
vantagem sobre o pretendente do
PSDB. Segundo dados apurados
pelo Ibope, a petista, que avança
no eleitorado do Sudeste, chegaria à frente no primeiro turno e
venceria o rival no segundo.
Embora ainda seja um tanto cedo para interpretações definitivas,
trata-se de uma péssima notícia
para Serra, que pouco antes da
realização do levantamento havia
sido o protagonista de um programa de TV de sua sigla.
Vê-se que não será nada fácil
para a oposição conter a maré da
candidatura Dilma. Primeiro, pelo
fato de o governismo exercer muito peso na disputa; segundo, porque o presidente Lula, ao contrário de seu antecessor Fernando
Henrique Cardoso, experimenta,
ao final do mandato, índices inéditos de popularidade, em meio a
uma conjuntura econômica extremamente favorável ao país.
Do outro lado, são muitas as dificuldades da campanha tucana.
O ex-governador, por exemplo,
tem se deparado com obstáculos
para fechar alianças regionais, situação que, aliás, poderá se agravar caso outras pesquisas confirmem o movimento ora registrado.
A própria escolha do vice de
Serra permanece embaraçada, depois de o senador Sérgio Guerra,
possível nome para a formação de
uma chapa "puro-sangue", ter sido alvo de reportagens acerca de
contratações duvidosas de funcionários de seu gabinete.
Numa campanha com as características da atual, o candidato da
oposição precisa, para triunfar,
cercar-se de fatores os mais positivos possíveis -ou esperar por algum grande deslize do concorrente. Não foi, até aqui, o que os astros reservaram para Serra.
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