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Atoleiro afegão
Ainda que fortes, pelos termos
em que foram manifestadas, não
chegam a surpreender as críticas
endereçadas pelo general Stanley
McChrystal a seus superiores em
Washington. Reportagem da revista "Rolling Stone" registrou
ataques do militar, então comandante das forças dos EUA no Afeganistão, contra o presidente Barack Obama. McChrystal disse que
o líder de seu país mostrava-se
"despreparado e intimidado".
Também foram alvos de comentários o vice-presidente, Joe Biden, e o assessor de Segurança
Nacional, Jim Jones -um "palhaço", segundo o comandante.
O destempero, que provocou a
remoção imediata do general de
seu posto, reflete o difícil momento das forças norte-americanas no
Afeganistão. McChrystal responsabiliza a cúpula do governo Obama pelos entraves encontrados
pelo Exército para retomar áreas
do país das mãos do Taleban.
Ao se ver forçado a substituir
um general competente em plena
campanha, o presidente dos EUA
colhe os frutos do descontentamento que gerou com sua hesitação. À diferença da incursão iraquiana, não pairam dúvidas sobre
a legitimidade da decisão de iniciar a guerra afegã. O governo local dava proteção, em 2001, a terroristas da Al Qaeda, responsável
pelos ataques do 11 de Setembro.
Extremistas do Taleban e jihadistas internacionais se sustentam mutuamente. Se Obama perder a guerra, pode-se esperar um
aumento da capacidade de ação
do terrorismo.
Ainda assim, mais de três meses
transcorreram, em 2009, entre o
pedido de McChrystal por mais
soldados e a resposta da Casa
Branca. Ela veio em novembro,
com a promessa de aumentar em
40% as tropas americanas. Enquanto os comandantes aguardavam, o Taleban ganhava força.
Obama teme a associação entre
seu governo e o de George W.
Bush -e sofre, em seu partido e na
sua base eleitoral, pressões contrárias a incursões militares.
Ao mesmo tempo é acusado de
fraco por opositores. Não por acaso, ao anunciar o reforço das tropas, prometeu iniciar a retirada de
militares do front em meados de
2011 -algo que dificilmente acontecerá. Entre outras razões, porque Obama parece ter demorado a
entender que só há um caminho
no Afeganistão: aumentar o poderio militar para vencer o Taleban.
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