São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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MAIS DEMOCRACIA

A edição 2002 do Relatório do Desenvolvimento Humano, produzido pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), não traz maiores surpresas nem em relação ao Brasil nem em relação ao mundo. Tanto interna como globalmente, continua a haver mais sombra que luz, mais progresso muito lento rumo ao desenvolvimento humano que saltos qualitativos que valham grandes festejos.
Por isso, torna-se mais importante realçar os aspectos conceituais que compõem o relatório. O Pnud defende um aprofundamento da democracia, tanto no interior de cada país como nas organizações internacionais.
No plano interno, o relatório aponta desafios e problemas, mas não se atreve a indicar como lidar com eles. É o caso, por exemplo, da incorporação do que o Pnud chama de "novos atores" políticos, com amplo destaque para as ONGs. Essas instituições estão ocupando um espaço deixado pelo declínio dos partidos políticos, o que tem um lado positivo, mas, ao mesmo tempo, não conseguiram, até agora, traduzir em termos eleitorais as suas plataformas. Acabam funcionando como alimentadoras de demandas, mas não necessariamente de respostas a elas.
Já no que se refere à democratização das instituições internacionais, aí sim se entra em um terreno em que há consenso sobre a sua necessidade. Tanto há que Bill Clinton, como presidente da única superpotência remanescente, os Estados Unidos, estimulou o debate sobre o que chamou de "reforma da arquitetura financeira internacional".
Alguns tímidos passos foram até dados nessa direção, entre eles a criação do G-20, um clube de 20 países que amplia o G-7 e é, portanto, mais representativo e mais democrático.
O problema é que essa reforma, para sair das boas intenções, necessita de lideranças políticas fortes e ousadas no mundo desenvolvido, na exata ocasião em que, lamentavelmente, se testemunha a absoluta carências delas. Em especial nos Estados Unidos, cujo presidente está longe de ter características de estadista.


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