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MAIS DEMOCRACIA
A edição 2002 do Relatório do
Desenvolvimento Humano,
produzido pelo Pnud (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento), não traz maiores surpresas
nem em relação ao Brasil nem em relação ao mundo. Tanto interna como
globalmente, continua a haver mais
sombra que luz, mais progresso
muito lento rumo ao desenvolvimento humano que saltos qualitativos
que valham grandes festejos.
Por isso, torna-se mais importante
realçar os aspectos conceituais que
compõem o relatório. O Pnud defende um aprofundamento da democracia, tanto no interior de cada país como nas organizações internacionais.
No plano interno, o relatório aponta desafios e problemas, mas não se
atreve a indicar como lidar com eles.
É o caso, por exemplo, da incorporação do que o Pnud chama de "novos
atores" políticos, com amplo destaque para as ONGs. Essas instituições
estão ocupando um espaço deixado
pelo declínio dos partidos políticos,
o que tem um lado positivo, mas, ao
mesmo tempo, não conseguiram,
até agora, traduzir em termos eleitorais as suas plataformas. Acabam
funcionando como alimentadoras
de demandas, mas não necessariamente de respostas a elas.
Já no que se refere à democratização das instituições internacionais,
aí sim se entra em um terreno em que
há consenso sobre a sua necessidade. Tanto há que Bill Clinton, como
presidente da única superpotência
remanescente, os Estados Unidos,
estimulou o debate sobre o que chamou de "reforma da arquitetura financeira internacional".
Alguns tímidos passos foram até
dados nessa direção, entre eles a criação do G-20, um clube de 20 países
que amplia o G-7 e é, portanto, mais
representativo e mais democrático.
O problema é que essa reforma, para sair das boas intenções, necessita
de lideranças políticas fortes e ousadas no mundo desenvolvido, na exata ocasião em que, lamentavelmente,
se testemunha a absoluta carências
delas. Em especial nos Estados Unidos, cujo presidente está longe de ter
características de estadista.
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