|
Próximo Texto | Índice
POLÍCIA NO CONGRESSO
A inabilidade que a atual direção da Câmara dos Deputados
tem demonstrado para administrar
as manifestações contrárias à reforma da Previdência atingiu novo patamar com o lamentável episódio,
ocorrido anteontem, da convocação
do Batalhão de Choque da Polícia
Militar para reforçar a segurança da
Casa. Autorizados pelo presidente, o
petista João Paulo Cunha (SP), policiais entraram nas dependências da
Câmara para dispersar funcionários
públicos que ameaçavam interromper os trabalhos da comissão encarregada de analisar o texto da reforma. Um servidor foi detido.
Confrontado com o regimento interno, que permite apenas aos seguranças da Casa portar armas, João
Paulo recorreu a ginástica verbal: "A
Polícia Militar passou por dentro da
Câmara, mas não atuou dentro da
Câmara". Ele se referia ao fato de que
o batalhão percorreu o interior do
edifício até chegar à porta do chamado Anexo 2, onde os manifestantes
estavam concentrados.
No entanto, mais do que estabelecer o exato metro quadrado em que
se deu a ação, importa observar o caráter inusitado e temerário do gesto
de chamar a polícia ao Congresso
-e a ironia de ter sido o primeiro
presidente petista da Câmara o responsável por tal excesso.
Não se trata, obviamente, de defender as práticas utilizadas pelos servidores descontentes, que rotineiramente ultrapassam os limites do
exercício democrático da crítica. No
dia anterior, por exemplo, eles haviam tentado invadir uma reunião de
parlamentares do PT.
Espera-se da direção da Câmara
comportamento a um só tempo firme e sereno. Um controle eficiente
do acesso ao prédio já contribuiria
para garantir o andamento dos trabalhos sem que para isso se recorra a
segurança que não a interna.
Carece de sentido a tentativa, esboçada ontem por João Paulo, de culpar
a imprensa, que teria, no entender do
deputado, exagerado as dimensões
do incidente. Estranho seria considerar normal a opção por responder a
um abuso com outro maior.
Próximo Texto: Editoriais: IMAGEM DA VIOLÊNCIA Índice
|