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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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IMAGEM DA VIOLÊNCIA

O assassinato do repórter-fotográfico Luis Antônio da Costa, ocorrido durante trabalho de cobertura jornalística da invasão de um terreno pelo movimento dos sem-teto, em São Bernardo do Campo, foi mais um desses episódios que cristalizam aos olhos da sociedade os horrores da violência cotidiana no país.
A morte do fotógrafo, que trabalhava para a revista "Época", poderia ser apenas mais uma a passar despercebida em meio à assustadora estimativa de 4.000 homicídios mensais cometidos no Brasil. O fato, porém, de que tenha ocorrido diante das lentes da mídia fez com que o incidente obtivesse ampla repercussão.
O caso começou, aparentemente, a ser esclarecido. A hipótese de que o suposto assassino faria parte de um grupo que levara R$ 60 de um posto de combustíveis nas redondezas ganhou consistência. A dona do estabelecimento disse à polícia ter reconhecido um dos assaltantes -seria o homem com uma arma na mão que aparece em foto publicada ontem pela Folha e pelo Agora.
No Brasil, lamentavelmente, mata-se cada vez mais por motivos fúteis. Houve, nas últimas décadas, uma escalada de homicídios que vem reservando ao país uma vergonhosa e preocupante posição em seguidas estatísticas internacionais.
A elevação do número de assassinatos está relacionada a um impressionante aumento de homicídios de jovens. Segundo o "Mapa da Violência 3", estudo realizado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), de 1991 a 2000 o índice de assassinatos de pessoas entre 15 e 24 anos aumentou 48%. O índice mede quantos jovens foram mortos para cada grupo de 100 mil. Na população brasileira em geral, o número de homicídios aumentou 29% no mesmo período.
São fartamente conhecidos os diagnósticos sobre a violência, tanto quanto a incapacidade do poder público de coibi-la. Com certeza haverá redobrado empenho das autoridades para esclarecer o caso de Luis Antônio da Costa. Infelizmente, porém, nem sempre isso ocorre.


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