São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2007 |
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FERNANDO RODRIGUES A politização das mortes
BRASÍLIA - A politização da tragédia do acidente do Airbus da TAM
está no ar. Contaminou governo e
oposição. Desde o "top, top, top" de
Marco Aurélio Garcia até o desastrado deputado federal Efraim Filho (DEM-PB).
O governo torce freneticamente
para que as investigações concluam
pela irrelevância da pista de Congonhas no acidente. Daí Marco Aurélio ter comemorado de maneira
efusiva ao saber do defeito num
equipamento do avião (o sistema de
reversão da turbina direita).
Da mesma forma, o político paraibano Efraim Filho foi comissionado pelo Democratas para faturar
em Washington. Advogado de 28
anos, acompanhou a abertura da
caixa-preta -mesmo sendo neófito
em assuntos aeronáuticos. Sem cerimônia, apresentou uma conclusão peremptória sem base científica: o piloto da TAM não tentou arremeter. Quis frear e a pista escorregadia não teria permitido.
Efraim Filho acabou recuando.
Mas ficou o estigma. Ao escalar o
rapaz para função tão relevante, o
Democratas, nesse episódio, parece
ter dado o pior de si.
Em público, lulistas e oposicionistas fingem consternação. Nos
bastidores, há uma torcida gigante
sobre o resultado das apurações.
Repórteres recebem telefonemas
irados dos dois lados. Lulistas e
oposicionistas cobram "imparcialidade", sobretudo quando se trata de
noticiar algo que possa vir a favorecer o lado de quem reclama.
Existem, é claro, aqui e ali, algumas cabeças ancoradas no bom
senso. São a minoria.
A regra mais geral tem sido politizar as notícias ao osso. Patético. O
efeito eleitoral final será pequeno
ou nenhum no longo prazo. Uma
parcela ínfima do eleitorado viaja
de avião. No fundo, o saldo para os
partidos será talvez apenas uma degradação maior da imagem dos políticos como um todo. Tudo somado, péssimo para a democracia.
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