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São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2003

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ALÉM DO CURTO PRAZO

A redução dos juros na semana passada surpreendeu boa parte do mercado, que já se condicionara e passara a apostar em um gradualismo ainda mais conservador da política monetária.
A redução acima do esperado foi em geral bem recebida. É mais uma demonstração de que as opiniões de parte dos analistas financeiros refletem, muitas vezes, mais o hábito e os interesses de suas tesourarias do que análises objetivas e independentes.
Abandonado o consenso, ainda não há opinião consolidada sobre os desdobramentos da medida. Parte dos agentes econômicos acredita que a decisão, embora correta, foi inócua. A tal ponto chegou a recessão que, considerada a queda na inflação, o alívio financeiro seria ainda insuficiente. De fato, uma taxa básica de 22% ao ano -para não mencionar as que são cobradas de empresas e consumidores no mercado- continua fazendo do Brasil um campeão do arrocho monetário.
A depender, no entanto, de novas quedas e do ritmo em que ocorrerão pode-se prever algum alívio para a economia. Resta saber se o reaquecimento daria impulso ao consumo, exigindo novos investimentos.
Se nos próximos meses se verificar uma expansão apenas do consumo, ela será de curto fôlego. Sem investimentos, a capacidade produtiva atual permanecerá limitada, e a recuperação será abortada por pressões inflacionárias ou por aumento das importações. Para que a economia ganhe fôlego além do curto prazo, são necessárias medidas mais profundas e de maior alcance.
Um dos pontos fundamentais para uma eventual reorientação da política econômica é a provável renegociação do acordo com o FMI. A renovação parece inevitável para um governo que não tem conseguido ampliar reservas, o que reduziria a dependência externa. Ela será uma oportunidade rara para alinhar os parâmetros de inflação, juros e câmbio a um projeto que renove a esperança de desenvolvimento econômico do país.


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