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ANTONIO DELFIM NETTO
Exportação = salvação
A consolidação do processo de
desenvolvimento econômico que
o Brasil está vivendo depende de cinco
condições:
1) da garantia que o equilíbrio fiscal
será mantido. Isso significa a reafirmação do compromisso original do
presidente Lula na Carta aos Brasileiros -até agora tem sido cumprido à
risca;
2) de um esforço definitivo para a
aprovação das PPP e de um começo
ousado e rápido que mostre quão importantes e revolucionárias serão as
novas relações que vão estimular o investimento na infra-estrutura;
3) que, em 2005 e em 2006, a LDO
garanta que as despesas de custeio sejam menores ou iguais às de 2004 e
que o "excedente" de receita seja destinado: a) à correção das distorções
mais graves do sistema tributário
-em particular sobre as operações financeiras; b) à continuação da desoneração dos bens de capital; c) à aceleração da taxa de depreciação e d) à expansão dos prazos de recolhimento
dos impostos;
4) que seja reduzido o "spread" bancário interno, submetendo o sistema
financeiro a um aumento de competição, eliminando as discriminações
que a atual política exerce contra os
estabelecimentos menores que atendem ao crédito das empresas de pequeno porte e, finalmente, 5) que seja
mantido estímulo máximo sobre o setor exportador para que nos próximos
12 ou 18 meses estejamos com exportações anualizadas da ordem de US$
115 bilhões.
As cinco condições têm fundamentos muito diferentes. A primeira é a
condição política fundamental. É a
vontade do príncipe. É ela que continuará a garantir um ambiente ecologicamente amigável ao desenvolvimento e tornará eficazes as demais.
A segunda depende de uma discussão mais desarmada, honesta e profunda com a oposição. Só em último
caso deve-se usar o privilégio da maioria para aprová-la. É preciso cuidar de
atender às críticas pertinentes, pois essa lei vai mudar a médio prazo o panorama federativo e exigirá maior agilidade e eficiência do governo, uma vez
que os agentes privados terão papel
não desprezível na execução de políticas públicas.
A terceira e quarta condições só dependem da vontade e da inteligência
do governo. Podem ser implementadas sem inconvenientes e com grande
benefício para a sociedade.
A quinta condição é a mais crítica.
Ela depende de nossa vontade, mas
também das resistências que encontrar e da nossa capacidade de superá-las. Sua importância é que, em 2005,
com uma exportação de US$ 110 bilhões a US$ 115 bilhões, poderemos
sustentar, sem risco para o balanço de
pagamentos, importações em torno
de US$ 90 bilhões. Com uma redução
inteligente das tarifas, aceleraremos a
incorporação de novos investimentos
portadores de moderna tecnologia e
manteremos o câmbio ligeiramente
subvalorizado. Com um comércio exterior da ordem de US$ 200 bilhões
(contra os US$ 140 bilhões atuais), a
volatilidade do câmbio será muito diminuída, a relação dívida externa/exportação estará na normalidade e a relação amortização + juros/exportação
ficará dentro de limites mais educados. Nos aproximaremos do "investment grade" com a correspondente
redução do "spread" externo e da taxa
de juro. Será isso possível? Com grande ênfase à exportação provavelmente
sim. O comércio mundial vai crescer
em 2005 mais ou menos um trilhão de
dólares. Precisamos nos apropriar
apenas de 2% a 2,5% desse aumento!
Por que não, se em 2003 nos apropriamos de 1,3% do aumento do comércio
mundial e, em 2004, caminhamos para nos apropriar de 1,7%?
Antonio Delfim Netto escreve às quartas-feiras
nesta coluna.
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