São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Morte de mendigos
"Enquanto o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o presidente do STF, Nelson Jobim, e mais algumas "autoridades" ficam discutindo a revogação dos crimes hediondos como forma de diminuir a população carcerária (em vez de reformar e melhorar todo o sistema), em São Paulo vemos diariamente a barbárie, com o homicídio de várias pessoas e, agora, a morte dos já desafortunados moradores de rua. Isso mostra, de fato, a importância que temos para nossos governantes. A solução para eles tem de ser a mais simples e barata. Em época de eleição, é bom ver de quem é efetivamente a culpa -da prefeitura ou do Estado. Penso que seja de ambos, já que nenhum dos dois faz nada para melhorar a situação."
Flávio Duarte Barbosa (São Paulo, SP)

 


"A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo vem expressar seu mais veemente repúdio aos ataques contra moradores de rua que vêm ocorrendo em São Paulo. Os psicólogos têm lutado em defesa dos direitos humanos, em especial daqueles que, em condições mais vulneráveis, estão mais fragilizados e indefesos. Os moradores de rua estão entre estes."
Maria da Graça M. Gonçalves, presidente da Comissão de Direitos Humanos do CRP-SP (São Paulo, SP)

"Olga"
Com que direito a Folha "desrecomenda", diariamente, o filme "Olga", dando-lhe duas estrelas, enquanto recomenda, diariamente, tantas porcarias hollywoodianas?"
Emir Sader (Rio de Janeiro, RJ)

Obrigado
"Não foi uma decepção a ginasta Daiane dos Santos não ter conseguido uma medalha na Olimpíada de Atenas. Nunca na história dos jogos modernos uma ginasta negra conseguiu tal feito. A façanha de Daiane é ainda maior. Originária de um país pobre, mostrou ao mundo inteiro, com graça e competência, que é uma das cinco melhores ginastas do mundo e que o Brasil é capaz de competir em condições de igualdade com as grandes potências do esporte. Aliás, há muito deixamos de ser o país do futebol para sermos também o país do vôlei, da natação, do hipismo e de tantos outros esportes. Obrigado, Daiane! Com seu exemplo, muitas ginastas aparecerão. Para os brasileiros você foi a grande vitoriosa."
Benedito dos Santos Maia (Contagem, MG)

Hediondos
"Confesso que fiquei estarrecido ao ler o artigo do doutor Hélio Bicudo em que ele defende a revogação incondicional da Lei dos Crimes Hediondos ("Crimes hediondos e direitos humanos", "Tendências/Debates", 21/8), usando como fundamento o desrespeito à dignidade da pessoa humana, preceito constitucional. Preciso dizer que me vi confuso porque não sei como um traficante, um homicida qualificado ou um sujeito que pratique latrocínio pode ter alguma dignidade. Será que um traficante, ao vender sua droga aos nossos adolescentes, pensa na dignidade das famílias que serão destruídas? Será que um homicida que mata e esquarteja uma pessoa de forma brutal tem alguma dignidade? Não é a revogação da Lei dos Crimes Hediondos que vai melhorar ou ressocializar os criminosos. É preciso haver uma reformulação do sistema de formação dos cidadãos. Se o STF declarar inconstitucional a lei 8.072/90, estará tomando uma decisão política, e não jurídica."
Gustavo Heiji de Pontes Uyeda, estudante do quinto ano na Faculdade de Direito da Alta Paulista (Tupã, SP)

Aborto
"A carta de Daiana Ruff ("Painel do Leitor", 22/8) causou-me imensa vergonha por ter sido escrita por uma mulher -que, em vez de defender a dignidade humana de todas nós, preferiu o fanatismo machista antiaborto. Espero que o Supremo Tribunal Federal fique com a Constituição, com a dignidade da mulher, com o Estado laico, deixando bem claro que o Brasil está disposto a ser um país voltado para o futuro, e não para a Idade Média."
Simone Andréa Barcelos Coutinho (São Paulo, SP)

Cinema
"Com referência a acusações do ministro interino da Cultura, Sérgio Sá Leitão, reproduzidas no texto "Dois longas concentram troféus em edição irregular" (Ilustrada, 23/8), esclareço o seguinte: Sá Leitão misturou declarações que fiz sobre a questão da pirataria na entrevista coletiva no Festival de Gramado com o debate sobre a regulamentação da atividade cinematográfica no Brasil. Juntá-las, deliberadamente ou não, só pode criar confusão, como se refletiu no texto. Os comentários feitos por mim em relação à pirataria no Brasil serviram para lembrar que o país pode sofrer sanções do governo americano por estar na lista de nações que não protegem efetivamente direitos de propriedade intelectual. Essas sanções, que deverão ser decididas até o fim de setembro, poderão custar milhões de dólares ao Brasil. Meu alerta não é ameaça nem tem relação com o debate público sobre a criação da Ancinav. A posição de entidades representativas da indústria audiovisual brasileira, com a qual a MPA concorda, está expressa em documento divulgado neste mês, no qual se apontam efeitos negativos que o projeto vai acarretar aos produtores, à sociedade, à economia e à cultura nacional. A acusação contra mim de "ingerência nos assuntos internos do país" não procede. As empresas que investem no cinema brasileiro têm o direito de dar sua opinião nesse debate e participarão da consulta pública sobre a minuta do projeto de criação da Ancinav por meio do canal oficial oferecido, ou seja, o envio de comentários no prazo de 60 dias."
Steve Solot, vice-presidente de operações da América Latina da Motion Picture Association (São Paulo, SP)


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