São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2006 |
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ELIANE CANTANHÊDE Lula, 20 anos BRASÍLIA - Quando Fernando
Collor venceu em 1989 como "caçador de marajás", PC Farias tratou
de providenciar meios para um projeto de 20 anos no poder.
Quando Fernando Henrique
Cardoso ganhou em 1994, na onda
do Plano Real, e se reelegeu em
1998, no primeiro turno, Sérgio
Motta passou a articular o parlamentarismo e o "projeto tucano" de
20 anos.
Deve faltar imaginação a esses
políticos, pois, antes mesmo de
Luiz Inácio Lula da Silva se reeleger
em primeiro turno, como projetam
as pesquisas e já comemoram seus
aliados, vem o ministro Tarso Genro (da coordenação política) com
um plano de... 20 anos de poder.
Depois da constituinte para a reforma política, idéia que morreu em
menos de 24 horas, Genro agora inventa um plano que é dividido por
etapas que coincidem com o calendário eleitoral, de quatro, oito e 12
anos, e foi lançado a 36 dias das urnas, num encontro com empresários dentro do Planalto, em que Lula pediu "muito mais tempo". E ele
já acena com uma espécie de "pacto
nacional" com a oposição.
Saem de cena os 10 milhões de
empregos da campanha de 2002,
entra a promessa de crescimento
econômico de 6% em 2008. Há, porém, alguns probleminhas nessa estratégia em que peças de campanha
se vendem como planos de governo.
A previsão de crescimento para o
ano passado rondava os 4,5%, mas
ficou nos haitianos 2,3%. A deste
ano, de 4%, já está sendo revista. De
onde tirar 6% em 2008? Falta combinar com os adversários: a complexidade brasileira e a história de metas não cumpridas.
O importante não é o plano, é a
intenção. Que o plano seja para valer, ninguém acredita, mas que Lula
está querendo ficar 20 anos, não há
a menor dúvida. Com Dirceu, Palocci, mensaleiros, todo mundo de
volta. E num "pacto nacional", sim,
mas com o PMDB do Newtão.
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