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CERCO ABUSIVO
É tão absurdo o cerco que tropas israelenses vêm impondo
ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, que o
Conselho de Segurança da ONU
aprovou uma resolução que exige a
suspensão do sítio. Os EUA, que têm
poder de veto, se abstiveram.
Os militares de Israel tomaram o
QG de Arafat na cidade de Ramallah
(Cisjordânia) e demoliram a maior
parte dos edifícios que compunham
o complexo. Arafat e cerca de 250 palestinos, parte dos quais Israel acusa
de serem terroristas, estão confinados a umas poucas salas.
O primeiro-ministro de Israel, Ariel
Sharon, não esconde o seu desejo
pessoal de liquidar Arafat. Só que um
chefe de governo não pode -ou não
deveria poder- transformar suas
vontades em políticas de Estado. Iasser Arafat é o legítimo representante
dos palestinos. Se ele não passa de
um terrorista, como acusa Israel, deveria ser preso e julgado com base
em provas materiais. Mas é inadmissível que seja submetido à humilhação do cerco, que não faz sentido do
ponto de vista político ou de estratégia de combate ao terrorismo.
Não é à toa que as ações das tropas
israelenses provocaram reações internacionais. Nem os EUA, que
apóiam Israel quase incondicionalmente, impediram a ONU de condenar a ação israelense. O gesto, contudo, soa pouco convincente. O que Israel faz com os palestinos não é muito diferente dos novos princípios que
regem a política externa dos EUA,
enunciados na Doutrina Bush: ataques unilaterais e preventivos.
É claro que Arafat não é "santo".
Seu governo é corrupto, e sua administração nem sempre se pautou pelos princípios democráticos. Há indícios de que, num passado recente,
quando lhe convinha, ele incentivava
atentados suicidas contra Israel.
Mesmo com todos esses deméritos, se Israel não é capaz de exibir
provas incontestáveis do envolvimento de Arafat com o terror, o líder
palestino deve ser tratado como o interlocutor do governo israelense para
a paz. Israel não pode pretender escolher as lideranças dos palestinos.
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