São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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AJUSTE MONETÁRIO

O Banco Central elevou a meta de inflação para o próximo ano de 4,5% para 5,1%, de acordo com o documento da reunião de setembro do Copom (Comitê de Política Monetária), que aumentou a taxa de juros básica de 16% ao ano para 16,25%. Assim, foi acrescido 0,6 ponto percentual na meta para atender à inércia inflacionária deste ano. Essa inércia decorre sobretudo dos preços administrados, por força de cláusulas contratuais de reajuste de tarifas de serviços públicos, mas também de choques de preços externos (commodities e petróleo), que devem elevar o IPCA -índice de preço da meta de inflação- para o patamar de 7,5% no ano.
Assim, havia quase uma inviabilidade técnica e operacional de alcançar a meta de inflação para o próximo ano sem reduzir a taxa de crescimento e onerar os gastos do Tesouro com pagamento de juros da dívida pública. Como esta Folha tem defendido, a revisão da meta parece caminhar na direção correta, pois permite maior flexibilidade, incorporando mecanismos de transição quando ocorrerem choques de preços.
Ademais, o setor produtivo apresentava sinais crescentes de desconforto com a insistência do Banco Central em retomar a trajetória de elevação dos juros -em vez de rever a ambiciosa meta inflacionária estabelecida para 2005.
A decisão do Copom possibilita uma maior margem de manobra para acomodar a política monetária, podendo tornar o processo de elevação da taxa de juros mais gradual. Em agosto, a taxa de desemprego subiu para 11,4%, a renda média do trabalhador caiu para R$ 893,10, a taxa de inflação ao consumidor sinalizou queda (IPCA foi de 0,91% em julho para 0,69% em agosto).
Assim, a baixa renda, o elevado patamar de desemprego e a provável desaceleração do crédito ao consumidor indicam que os preços no atacado devem continuar pressionados, porém não parece haver expansão da demanda interna que justifique os repasses de preços. Esses dados parecem justificar a necessidade de maior cautela e um maior gradualismo da equipe do Banco Central, a fim de não comprometer o crescimento econômico e a geração de emprego.


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