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AJUSTE MONETÁRIO
O Banco Central elevou a meta
de inflação para o próximo
ano de 4,5% para 5,1%, de acordo
com o documento da reunião de setembro do Copom (Comitê de Política Monetária), que aumentou a taxa
de juros básica de 16% ao ano para
16,25%. Assim, foi acrescido 0,6
ponto percentual na meta para atender à inércia inflacionária deste ano.
Essa inércia decorre sobretudo dos
preços administrados, por força de
cláusulas contratuais de reajuste de
tarifas de serviços públicos, mas
também de choques de preços externos (commodities e petróleo), que
devem elevar o IPCA -índice de preço da meta de inflação- para o patamar de 7,5% no ano.
Assim, havia quase uma inviabilidade técnica e operacional de alcançar a meta de inflação para o próximo ano sem reduzir a taxa de crescimento e onerar os gastos do Tesouro
com pagamento de juros da dívida
pública. Como esta Folha tem defendido, a revisão da meta parece caminhar na direção correta, pois permite
maior flexibilidade, incorporando
mecanismos de transição quando
ocorrerem choques de preços.
Ademais, o setor produtivo apresentava sinais crescentes de desconforto com a insistência do Banco
Central em retomar a trajetória de
elevação dos juros -em vez de rever
a ambiciosa meta inflacionária estabelecida para 2005.
A decisão do Copom possibilita
uma maior margem de manobra para acomodar a política monetária,
podendo tornar o processo de elevação da taxa de juros mais gradual.
Em agosto, a taxa de desemprego subiu para 11,4%, a renda média do trabalhador caiu para R$ 893,10, a taxa
de inflação ao consumidor sinalizou
queda (IPCA foi de 0,91% em julho
para 0,69% em agosto).
Assim, a baixa renda, o elevado patamar de desemprego e a provável
desaceleração do crédito ao consumidor indicam que os preços no atacado devem continuar pressionados,
porém não parece haver expansão da
demanda interna que justifique os repasses de preços. Esses dados parecem justificar a necessidade de maior
cautela e um maior gradualismo da
equipe do Banco Central, a fim de
não comprometer o crescimento
econômico e a geração de emprego.
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