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Editoriais
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Pouco além da euforia
Contas externas do Brasil se mantêm favoráveis, mas ações para tirar proveito permanente da bonança são tímidas
A CONTA corrente -que
registra todo o fluxo de
bens e serviços com o
exterior- apresentou
superávit de US$ 5 bilhões
(0,72% do PIB) de janeiro a agosto. Mais expressivo foi o saldo da
conta financeira (transações de
capitais): as entradas superaram
as saídas em US$ 68,6 bilhões.
A grande vedete das trocas financeiras com o exterior voltou
a ser a entrada do chamado investimento estrangeiro direto.
Trata-se do envio de recursos para ser aplicados no setor produtivo. Estima-se que 2007 se encerre com um saldo próximo do recorde do ano 2000, que foi de
US$ 32,8 bilhões. Multinacionais ampliam a capacidade produtiva no Brasil diante da expectativa de manutenção do crescimento doméstico.
A turbulência nos mercados
globais, por seu turno, ainda não
se mostrou capaz de inverter o
sinal do fluxo de aplicações financeiras que buscam no Brasil
ganhos mais altos. Essa entrada
maciça de dinheiro -somada ao
saldo comercial- permitiu ao
Banco Central adquirir, de janeiro a agosto, US$ 75 bilhões em
moeda estrangeira. As reservas
internacionais atingiram US$
161 bilhões e superaram em valor
a dívida externa de longo prazo
cerca de (US$ 150,4 bilhões).
Se as contas externas exibem
números confortáveis, o país não
deve deixar-se levar pelo excesso
de otimismo que a publicação
desses dados propicia. O desafio
é manter a dinâmica positiva entre superávit comercial, expansão do crédito doméstico e alta
do investimento e da produtividade -um círculo virtuoso entre
crescimento econômico, acumulação de reservas e baixo endividamento externo.
Tomado pela euforia, o governo federal vai se esquecendo de
controlar as despesas públicas
correntes -os gastos de manutenção da máquina estatal, que
têm asfixiado seja o investimento público seja a expansão da capacidade produtiva no setor privado e do consumo, por conta da
escalada tributária. Se estivesse
comprometido com a sustentabilidade do crescimento, a administração Lula associaria uma diminuição paulatina na alíquota
da CPMF com a aprovação do
dispositivo que limita o crescimento da folha de pagamentos
no setor público federal.
O controle das despesas federais seria um estímulo a mais para o Banco Central continuar reduzindo a taxa Selic. O Brasil
destoa das economias chamadas
emergentes por sustentar taxas
de juros, encargos da dívida pública e carga tributária muito acima da média. Não é por acaso
que o crescimento do PIB brasileiro permanece abaixo do registrado no conjunto dessas nações.
Euforias financeiras vêm e vão.
Poucos países conseguem tirar
proveito permanente delas.
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