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"Hora da política"
A COMPANHAR as contas externas e a evolução do crédito doméstico tornou-se
fundamental para saber de que
modo a crise global afetará o Brasil. O Banco Central já atua nessas duas pontas, a fim de amortecer pressões vindas de fora.
Na sexta-feira, o BC inverteu o
sinal de sua intervenção no câmbio e vendeu dólares, em meio à
rápida desvalorização do real.
Ontem, relaxou regras do empréstimo compulsório -parte
dos depósitos que bancos têm de
manter retida no BC- no intuito
de ampliar a oferta de crédito no
setor financeiro.
Os dias de pânico nos EUA têm
produzido espasmos de fuga de
capitais externos aplicados no
Brasil. Seja porque os investidores estrangeiros precisam cobrir
perdas em outros países, seja
porque julgam mais seguro, em
época de incerteza, migrar para
títulos do Tesouro americano,
seja porque especulam contra o
real, o fato é que estão mais propensos a deixar o país. Nesse ambiente turbulento, as fontes de
empréstimos externos a empresas brasileiras tendem a secar.
Teria o BC brasileiro agido
bem ao sancionar as apostas especulativas contra o real, fazendo exatamente o jogo dos especuladores -vendendo dólares?
Ao propiciar aos bancos mais dinheiro para emprestar, a autoridade monetária não estaria contradizendo a sua política de aumentar os juros de curto prazo,
voltada para restringir o crédito?
Trata-se de questionamentos
válidos, embora seja preciso dizer que ações de varejo do BC
têm alcance limitado para proteger o Brasil contra os piores efeitos da crise externa. Muito mais
relevante seria o governo Lula
tomar agora medidas prudenciais no flanco fiscal, como anular concessões de aumento salarial ao funcionalismo, bem como
outras despesas de custeio.
No Brasil também "chegou a
hora da política", como disse Lula na ONU, ao dar palpite sobre o
modo de enfrentar a crise global.
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