">




São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Editoriais

editoriais@uol.com.br

"Hora da política"

A COMPANHAR as contas externas e a evolução do crédito doméstico tornou-se fundamental para saber de que modo a crise global afetará o Brasil. O Banco Central já atua nessas duas pontas, a fim de amortecer pressões vindas de fora.
Na sexta-feira, o BC inverteu o sinal de sua intervenção no câmbio e vendeu dólares, em meio à rápida desvalorização do real. Ontem, relaxou regras do empréstimo compulsório -parte dos depósitos que bancos têm de manter retida no BC- no intuito de ampliar a oferta de crédito no setor financeiro.
Os dias de pânico nos EUA têm produzido espasmos de fuga de capitais externos aplicados no Brasil. Seja porque os investidores estrangeiros precisam cobrir perdas em outros países, seja porque julgam mais seguro, em época de incerteza, migrar para títulos do Tesouro americano, seja porque especulam contra o real, o fato é que estão mais propensos a deixar o país. Nesse ambiente turbulento, as fontes de empréstimos externos a empresas brasileiras tendem a secar.
Teria o BC brasileiro agido bem ao sancionar as apostas especulativas contra o real, fazendo exatamente o jogo dos especuladores -vendendo dólares? Ao propiciar aos bancos mais dinheiro para emprestar, a autoridade monetária não estaria contradizendo a sua política de aumentar os juros de curto prazo, voltada para restringir o crédito?
Trata-se de questionamentos válidos, embora seja preciso dizer que ações de varejo do BC têm alcance limitado para proteger o Brasil contra os piores efeitos da crise externa. Muito mais relevante seria o governo Lula tomar agora medidas prudenciais no flanco fiscal, como anular concessões de aumento salarial ao funcionalismo, bem como outras despesas de custeio.
No Brasil também "chegou a hora da política", como disse Lula na ONU, ao dar palpite sobre o modo de enfrentar a crise global.


Texto Anterior: Editoriais: Demagogia tolerada
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: O BC piscou
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.