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ELIANE CANTANHÊDE
Reação à altura
BRASÍLIA - O FMI previu ontem
que o custo da crise financeira vai a
US$ 1,3 trilhão, 30% a mais do que
sua própria previsão anterior. O
mar, portanto, não está para peixe,
muito menos para peixe miúdo. A
disputa por investimentos internacionais será devoradora.
Isso torna surpreendente a decisão do presidente do Equador, Rafael Correa, de intervir na Odebrecht, uma das principais construtoras brasileiras e do próprio país,
incluindo seqüestro de bens, militarização de canteiros de obra e a
proibição de que quatro funcionários da empresa saiam de lá. Foi um
rompante à la Evo Morales, que pôs
o Exército nas refinarias da Petrobras na Bolívia e rompeu unilateralmente contratos com o empresário Eike Batista.
Os casos da Bolívia e agora o do
Equador são uma tentativa de afirmação de vizinhos franzinos e pobres diante do Brasil, o grandalhão
que ganha todas -inclusive o troféu
de país que mais recebeu investimentos externos diretos na América Latina em 2007: US$ 34,6 bi,
84% mais do que no ano anterior,
segundo a Unctad, braço da ONU
para comércio e desenvolvimento.
É temerário, pois convém a países franzinos e pobres se comportarem direitinho, especialmente em
momentos de crise, para não afugentar de vez os investimentos externos, mais e mais disputados e
agora ameaçados por uma crise que
tem origem, nada mais, nada menos, na maior potência.
Dito isso, aos fatos: a Odebrecht,
com a soberba de grande empresa
de um grande país, foi capaz de entregar a usina de San Francisco ao
Equador com defeito. Sim, com defeito! Inaugurada há 14 meses, com
financiamento do BNDES, ela deixou de funcionar em junho, por
causa do desabamento parcial de
um túnel e do desgaste prematuro
de rodas das turbinas.
Noves fora o dispensável discurso politiqueiro, Correa não tinha alternativa. Com crise ou sem crise,
respeito é bom e o Equador gosta.
elianec@uol.com.br
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