|
Próximo Texto | Índice
AJUSTE DE CONTAS
Continua em curso o ajuste
das contas externas brasileiras.
Entre janeiro e setembro, o superávit
em transações correntes (comércio
de bens e serviços do país com o exterior) alcançou US$ 9,6 bilhões, equivalentes a 2,28% do PIB, de acordo
com o Banco Central. Resultados como este têm sido possíveis graças ao
bom desempenho da balança comercial, cujo saldo atingiu US$ 25,1
bilhões no mesmo período.
O superávit em transações correntes, juntamente com a entrada de investimento estrangeiro direto, vem
permitindo a redução da dependência da economia brasileira em relação aos humores internacionais.
Nesse cenário, a conta financeira ficou negativa em US$ 7,9 bilhões, o
que sugere que os diferentes agentes
econômicos estão reduzindo seus níveis de endividamento.
Infelizmente, as autoridades econômicas não têm aproveitado os
ventos favoráveis para ampliar as reservas do país em moeda estrangeira
e consolidar a redução da vulnerabilidade externa. As reservas estão em
US$ 22,9 bilhões, muito abaixo das
mantidas por países emergentes, como a Coréia do Sul (cerca de US$ 150
bilhões) e o México (US$ 58 bilhões).
Reservas tornam-se ainda mais relevantes quando se levam em conta
sinais de possível reversão do ciclo de
alta dos preços de commodities que
ocupam lugar importante nas exportações do Brasil. Em alguns produtos, observa-se queda de preço em
torno de 20%, o que pode prejudicar
o saldo comercial.
Além disso, pesquisa da UFRGS
(Universidade Federal do Rio Grande
do Sul) mostra que o movimento de
substituição de importações, iniciado com a desvalorização cambial de
1999 e intensificado em 2001, foi parcial. Atingiu 12 dos 26 principais insumos e bens de capital utilizados
pela indústria nacional.
Com efeito, até o momento, não se
configura uma mudança estrutural
na base de produção de bens intermediários no país, que ainda mantém um elevado patamar de importações de peças e componentes. Esse
cenário fortalece o argumento de que
o governo deve avançar em políticas
voltadas para a manutenção de elevados saldos comerciais e reforçar as
reservas em divisa.
Próximo Texto: Editoriais: INFLAÇÃO E TARIFAS Índice
|