São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Segurança Institucional
"Não tem fundamento a notícia publicada na Folha sob o título "Desprestigiado, Félix pede demissão a Lula" (Brasil, pág. A5, 23/10). Ao contrário do que afirma a matéria, em nenhum momento o presidente e o ministro trataram desse assunto ou cogitaram interromper essa relação de confiança. A Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República lamenta que à Folha tenha faltado a cautela de publicar versões antes de confirmar sua veracidade."
Fábio Kerche, secretário-adjunto de Imprensa e Divulgação da Presidência da República (Brasília, DF)

Eleição
"Enquanto o direito é a ciência do "dever ser", a política é a ciência do "poder ser". De repente, nesta, tudo pode acontecer: até mesmo o interessante apoio de Paulo Maluf a Marta Suplicy e a aceitação desse apoio por Marta, que parece não saber mais o que fazer para ganhar as próximas eleições. Ambos têm muitas coisas em comum, embora isso não seja tão perceptível num primeiro momento: enquanto Maluf declara que o seu "amor pela cidade de São Paulo" o faz relevar as desavenças havidas com Marta no passado, Marta assemelha-se bastante ao estilo Paulo Maluf de administrar, se considerarmos o número de obras realizadas na cidade. Em breve saberemos se tais obras atenderam aos requisitos da lei e da Justiça. Só espero que a atual prefeita não fique conhecida como aquela que "rouba mas faz", o que sempre caracterizou o seu apoiador."
Paulo César Pereira da Silva (São Paulo, SP)

 

"Como a eleição de José Serra é praticamente certa, a gente espera que ele não cumpra a promessa de governar em parceria com Geraldo Alckmin. Já chega o estrago que a administração tucana fez no Estado de São Paulo nestes dez anos. Sistema de saúde pública destruído; insegurança; Febem; privatização das estradas. Governo esse que é conhecido pelos funcionários públicos como "governo latinha': lá tinha uma delegacia, não tem mais. Lá tinha uma escola, não tem mais etc."
Antonio Carlos Ciccone (São Paulo, SP)

Rinha de galos
"O indiciamento do marqueteiro Duda Mendonça, detido em briga de galos no Rio, serviu para revelar a crueldade que certas pessoas pouco evoluídas espiritualmente praticam ao causar dor e sofrimento aos animais. As rinhas de galo são verdadeiros espetáculos da estupidez humana e deveriam ser fortemente combatidas. Mais triste é ver Duda Mendonça pretender defender o indefensável, ao afirmar que esse é o seu "hobby" e tudo bem."
Renato Khair (São Paulo, SP)

Anencefalia
"Sobre a discussão acerca do veto do STF a liminar que autorizava o aborto aos fetos anencefálicos, constatei que todas as opiniões apresentadas neste periódico, tanto as contrárias como as favoráveis, referem-se apenas ao aspecto material do tema, esquecendo um aspecto formal essencial. O STF, nesse caso, estava legislando de forma indireta, ao prever uma terceira modalidade de aborto além das duas previstas na legislação penal nacional (aborto proveniente de estupro e aborto em caso de risco da mãe), o que é grave, pois agride atribuições constitucionais. Não cabe à Suprema Corte nacional legislar, principalmente a respeito de tema tão conturbado. Tal competência é dos representantes do povo, reunidos no Congresso Nacional. Claro, o tema deve ser analisado e discutido plenamente, mas não podemos esquecer quem é a entidade legítima para legislar."
Joaquim Lemus Pereira (Brasília, DF)

Arquivos da ditadura
"Não vejo revanchismo na abertura dos arquivos da época do regime em que os militares impuseram a ordem no país, desde que o governo comece por publicar, na internet, também os graves fatos perpetrados por diversas das nossas atuais autoridades que as levaram ao exílio ou ao constrangimento de suas atividades naquele período. Quanto aos facínoras que se excederam na repressão, que se fez necessária, e aos torturadores devidamente identificados, que recebam o maior castigo que se possa impor: a reprovação particular de seus familiares, o desprezo dos colegas e o repúdio público da sociedade. Lógico, tudo isso seria o desejável, mas sabe-se que é inexeqüível, inaceitável e inadequado. Assim, já que não se pode impor o rigor da lei, devido à Anistia, a todos quanto exorbitaram na sua ação política, cumpre deixar como está, ficando para os historiadores a tarefa de melhor elucidar o período quando tudo for passado remoto."
Paulo Marcos G. Lustoza, capitão-de-mar-e-guerra da reserva (Rio de Janeiro, RJ)

 

"A história deste país nunca foi verdadeira. Sou afrodescendente e fico irritado quando me lembro da verdadeira história da opressão capitalista sobre o povo africano que para cá foi trazido. Torturas, humilhações, diáspora e todo tipo de violência envolvendo seres humanos, com seqüelas sociais e econômicas até hoje não reparadas. Penso que a disposição do governo Lula de "abrir os arquivos da ditadura" não passa de mais uma bravata deste governo, que é politicamente fraco, na medida em que não tem autoridade. A exemplo da perda do arquivo do regime escravocrata no Brasil, o que seria importante para o resgate da nossa verdadeira história, não acredito que o governo, que tem o rabo preso com a burguesia dominante, vá realmente abrir os arquivos da ditadura, principalmente para a sociedade. Se Lula, que foi vítima dos órgãos de repressão, não ajudar a recontar a história durante a ditadura, quem fará isso?"
Walter Miranda (Araraquara, SP)

Haiti
"Fazer cartaz com as grandes potências não foi privilégio das ditaduras latino-americanas das décadas de 60 e 70 do século passado. A atual enrascada em que o Brasil acaba de se meter, ao enviar tropas para o sofrido e vilipendiado Haiti, é uma prova de que nossas elites políticas ainda não entenderam que não é com falsas demonstrações de força bélica que uma nação se faz respeitar no cenário internacional. A ânsia em conquistar um assento no Conselho de Segurança da ONU e o desejo de hegemonia no continente latino-americano têm levado o governo brasileiro a proferir bravatas nacionalistas e a fazer homenagens a governos pouco zelosos com as práticas democráticas mais elementares em um Estado de Direito -Fidel Castro e Hugo Chávez. O envio de tropas para o vizinho Haiti não só não nos fará uma nação mais soberana como nos coloca muito próximos de outras nações intervencionistas. O Haiti é apenas mais uma nação faminta em processo de degradação social. Ela precisa de outro tipo de solidariedade."
Valdo Barcelos (Santa Maria, RS)

 

"Ao ler o artigo do dr. José Arbex Jr. nesta Folha ("A farsa da paz no Haiti", pág. A3, 23/10), não pude deixar de achar graça. Ele se preocupa em citar Marx e Hegel, em mencionar o "imperialismo ianque" e não consegue ver o ponto central da questão, corretamente apontado pelo prof. Ricardo Seitenfus: o Haiti se encontra em estado caótico e algo precisa e está sendo feito a respeito. O efeito tem que ser combatido imediatamente, a causa deverá ser sanada em seguida. Só então haverá espaço para teorias sociológicas, históricas e valorativas. O governo Brasileiro teve uma atitude louvável mandando tropas ao Haiti."
Marcos Galvão (Caraguatatuba, SP)

 

"Se trocássemos o nome do local para Rio de Janeiro, no artigo do ilustre professor Ricardo Seitenfus ("Diplomacia solidária", pág. A3, 23/10), a maioria dos leitores não notaria a diferença. Infelizmente, no Haiti o nosso glorioso Exército pode realizar as operações policiais a que se recusou na nossa antiga capital. Os moradores de nossas favelas, que estão na mesma situação, gostariam de poder contar com esse privilégio."
Mário Franco Filho (Mogi Mirim, SP)


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