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Senado no escuro
EM MAIS UMA afronta à sociedade, a Mesa Diretora do
Senado optou por manter
sob sigilo os gastos dos parlamentares. O colegiado recusou
anteontem a proposta do presidente interino da Casa, Tião Viana (PT-AC), de, a exemplo do
que já faz a Câmara, tornar disponível na internet o detalhamento de como cada senador
despende os R$ 15 mil mensais a
que tem direito para manter escritório em seu Estado.
A atitude da Mesa representa
manifesta violação do inciso
XXXIII do artigo 5º da Carta:
"Todos têm direito de receber
dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo
seja imprescindível à segurança
da sociedade e do Estado".
Como está claro que despesas
correntes do Poder Legislativo
não constituem dados sigilosos,
vetar-lhes a divulgação é simplesmente ilegal.
De resto, faz sentido o argumento do presidente interino de
que, se não houvesse "corredores escuros" na Casa -isto é, segredos-, haveria menos oportunidade para a ameaça de dossiês
e outras chantagens. A aposta na
transparência não só faria o Senado ganhar preciosos pontos
diante da opinião pública como
ainda o tornaria menos suscetível a extorsões políticas e tráfico
de influência.
O Senado precisa, a exemplo
dos passos já ensaiados pela Câmara, ampliar a divulgação de
informações referentes a despesas, assessorias, viagens, licitações e votações. A democracia
representativa tem como um de
seus pressupostos a vigilância
exercida pelo eleitor. E ele precisa ser munido com informações
sobre os ditos e os feitos dos parlamentares para julgar se estes o
representam a contento.
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