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KENNETH MAXWELL
As narcoguerras
GEORGE W. BUSH ama suas
"guerras", e também ama o
México, quando se lembra
de que o país existe. Pouco depois
de assumir, em 20 de janeiro de
2001, o primeiro ato oficial de Bush
foi viajar ao México para uma visita
ao então presidente Vicente Fox,
em seu rancho em Guanajuato.
Mas o México não se tornou prioridade para Bush -até esta semana,
quando ele pediu que o Congresso
dos Estados Unidos aprovasse uma
verba de US$ 500 milhões para
ajudar o novo presidente do México, Felipe Calderón, a combater as
quadrilhas mexicanas de tráfico de
drogas, cada vez mais violentas.
Ironicamente, ao longo da maior
parte dos dois mandatos de Bush, a
"guerra contra as drogas" dos Estados Unidos tampouco vem sendo
prioridade. A opinião dominante
sobre o esforço é que ele foi um dispendioso fracasso. As velhas políticas continuam em vigor por inércia, e para satisfazer os interesses
egoístas das burocracias federais e
estaduais envolvidas, que despendem mais de US$ 50 bilhões ao ano
no combate às drogas. E há também as severas conseqüências das
normas jurídicas, que dispõem
sentenças de prisão compulsória
para a posse de drogas, o que criminaliza as vítimas e garante que sua
marginalização social e dependência química se agravem.
Muitos argumentam que toda a
questão das drogas deveria ser tratada como doença, e não como
guerra; e que é preciso envolver a
ciência com o objetivo de identificar os fatores de risco que levam as
pessoas a sucumbir ao vício, bem
como para reconhecer a vulnerabilidade das pessoas à reincidência,
em longo prazo, mesmo que passem por programas bem-sucedidos
de desintoxicação. Essas são basicamente questões de medicina, e
de compreender o funcionamento
do cérebro. Os desafios são genéticos e do ambiente social, e não podem ser resolvidos somente por
tropas de choque.
Infelizmente, o novo "Plano México" de Bush se assemelha muito
ao velho "Plano Colômbia", também considerado em larga medida
como fracasso no que tange ao seu
principal objetivo: reduzir o suprimento de cocaína pela destruição
dos cartéis que controlam o tráfico
e pelo uso de fumigação aérea para
erradicar as plantações de coca. De
fato, o narcotráfico se diversificou
e se aliou a grupos paramilitares e a
organizações criminosas internacionais. As rotas e o comércio se
transferiram ao Brasil e à Europa.
E, nas ruas, a cocaína é hoje mais
barata, mais acessível e mais pura
do que no passado. Mas, para os políticos, é mais fácil vender Rambo
para a platéia -no Brasil não menos que em Washington.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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