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O "LADO" DO GOVERNO
Os ataques verbais ao agronegócio desferidos pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra),
Rolf Hackbart, em palestra proferida
anteontem, não são um fato isolado
no governo federal. Também o titular do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Miguel Rossetto,
não tem poupado esse "adversário",
que ele classifica de "latifúndio monocultor". No entender do ministro,
não poderiam ser considerados modernos os empreendimentos agrícolas que vêm obtendo ganhos crescentes de produtividade e contribuindo de maneira decisiva para os
saldos da balança comercial brasileira. Moderno, na sua opinião, é "terra
bem distribuída".
É sintomático -e escandaloso-
que Hackbart se sinta à vontade para
afirmar que o Incra e o MDA "têm lado". Ou seja: os dois órgãos públicos
federais defendem o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra
(MST) contra o agronegócio.
O ministro do Desenvolvimento
Agrário e o presidente do Incra cumprem hoje duas funções essenciais.
De um lado, administram a tutela do
movimento sem-terra por parte do
governo. De outro, promovem a instrumentalização da máquina pública
com vistas a "acumular forças" para
uma futura "revolução" rural.
O "modelo" agrário com que sonham poderia ser descrito como
uma espécie de cooperativismo nostálgico envolto em harmonia cristã.
Quanto a isso, não se pode esquecer
a contribuição que o presidente da
Pastoral da Terra, dom Tomás Balduíno (também sempre a pregar
contra o agronegócio), tem oferecido ao arcabouço doutrinário de seus
colegas do Incra, do MDA e do MST.
Não há dúvida de que o desemprego no campo e na cidade constitui
um gravíssimo problema e que a reforma agrária deveria cumprir o papel de promover a inclusão social,
colaborando para oferecer alternativas econômicas às famílias rurais
que não encontram meios de sustento. Nada disso, porém, justifica a posição regressiva e reacionária que o
MST e seus auxiliares governamentais e clericais têm assumido em relação ao agronegócio.
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