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RISCO AMAZÔNICO
Causa preocupação o retrato que emerge de estudo realizado por pesquisadores ligados ao
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O trabalho traça um mapa sombrio das
pressões que a presença do homem
vem exercendo sobre a floresta.
Os dados colhidos contrariam a tese -sustentada por setores do governo- de que a situação é relativamente boa porque apenas 16% da
área total teria sido desflorestada. Os
pesquisadores concluíram que 47%
da floresta estão ocupados, sendo
que 19% já estão definitivamente tomados pelo homem e 28% sofrem
do que o estudo chama de "pressão
humana potencial". Em termos de
área, trata-se de 1,9 milhão de km2,
extensão comparável ao território de
um país como o México.
A magnitude da ocupação não é,
porém, o único problema. A presença humana na região está fortemente
ligada a atividades que envolvem intervenções de alto impacto ambiental. Análises de fotos de satélite e visitas a campo levaram à conclusão de
que a maioria dos prováveis focos de
povoamento está ligada de alguma
forma a vias de acesso como rios navegáveis e estradas clandestinas. É
um indício de que a principal atividade da população ali estabelecida é a
extração -muitas vezes ilegal- de
madeira e minério, que utilizam essas vias para escoar seu produto.
É de esperar que informações como essas sirvam de alerta ao governo
federal, no âmbito do qual o Ministério do Meio Ambiente tem perdido
quase todas as batalhas contra setores mais ligados à produção. São dados de extrema importância para a
preservação do patrimônio ambiental amazônico. Como lembrou um
dos pesquisadores, os números do
desmatamento são importantes,
mas insuficientes para prever o que
estaremos "lamentando daqui a alguns anos".
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