São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2004

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RISCO AMAZÔNICO

Causa preocupação o retrato que emerge de estudo realizado por pesquisadores ligados ao Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O trabalho traça um mapa sombrio das pressões que a presença do homem vem exercendo sobre a floresta.
Os dados colhidos contrariam a tese -sustentada por setores do governo- de que a situação é relativamente boa porque apenas 16% da área total teria sido desflorestada. Os pesquisadores concluíram que 47% da floresta estão ocupados, sendo que 19% já estão definitivamente tomados pelo homem e 28% sofrem do que o estudo chama de "pressão humana potencial". Em termos de área, trata-se de 1,9 milhão de km2, extensão comparável ao território de um país como o México.
A magnitude da ocupação não é, porém, o único problema. A presença humana na região está fortemente ligada a atividades que envolvem intervenções de alto impacto ambiental. Análises de fotos de satélite e visitas a campo levaram à conclusão de que a maioria dos prováveis focos de povoamento está ligada de alguma forma a vias de acesso como rios navegáveis e estradas clandestinas. É um indício de que a principal atividade da população ali estabelecida é a extração -muitas vezes ilegal- de madeira e minério, que utilizam essas vias para escoar seu produto.
É de esperar que informações como essas sirvam de alerta ao governo federal, no âmbito do qual o Ministério do Meio Ambiente tem perdido quase todas as batalhas contra setores mais ligados à produção. São dados de extrema importância para a preservação do patrimônio ambiental amazônico. Como lembrou um dos pesquisadores, os números do desmatamento são importantes, mas insuficientes para prever o que estaremos "lamentando daqui a alguns anos".


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