São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Bons sinais

Com Tombini no lugar de Meirelles, nova equipe econômica renova promessas de crescimento, autonomia do BC e disciplina fiscal

Com a indicação do economista Alexandre Tombini para a presidência do Banco Central e de Miriam Belchior para o Planejamento, quase uma semana depois do convite para Guido Mantega permanecer em seu cargo, estão preenchidos os postos mais importantes para a condução da política econômica do novo governo.
Tombini é um funcionário público de carreira, altamente qualificado e experimentado em funções importantes no BC e no Ministério da Fazenda. Tem sólida bagagem acadêmica e participou ativamente da discussão e da arquitetura do regime de metas de inflação desde seu início, em 1999. É respeitado nos meios econômicos e financeiros, além de ter respaldo dentro do próprio BC. Reúne, portanto, todas as condições para bem conduzir a instituição na sua tarefa de manter a taxa de inflação dentro da meta.
Resta esclarecer qual será o papel de Antonio Palocci, coordenador técnico da transição, e de Paulo Bernardo, que agora se despede do Ministério do Planejamento. A presença de ambos no primeiro escalão, se confirmada, poderia reforçar a administração de Dilma Rousseff, que enfrentará fortes pressões por ampliação de gastos no seu início, a começar pela definição do novo salário mínimo e pelas propostas de aumentos salariais em tramitação no Congresso.
Nos últimos dias vinham crescendo as dúvidas sobre o compromisso da presidente eleita com medidas de ajuste da economia. São preocupações procedentes quando se sabe o que aconteceu nos últimos dois anos. As metas de superavit primário perderam credibilidade e a expansão de gastos públicos, justificável na crise, foi muito além do conveniente. São também crescentes os riscos para o Tesouro em razão de garantias públicas para projetos com retorno econômico mais do que duvidoso, como o trem-bala.
O cenário para o próximo ano está longe de ser ruim, mas inspira cautela e exige mudanças.
O BC terá que lidar com a perigosa aceleração da inflação, ora em curso, que vai além do aumento sazonal de preços de alimentos. O IPCA deve subir quase 6% neste ano, e as projeções dos analistas para 2011 já ultrapassam 5%. É algo que exigirá respostas claras do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) já a partir da reunião de início de dezembro.
Do lado fiscal não há dúvida sobre a necessidade de maior disciplina e controle das finanças do Estado, até para que a agenda de investimentos do novo governo possa se realizar. São tranquilizadoras, nesse sentido, as declarações de Mantega, em entrevista ontem, de que o momento é de cortar gastos e 2011 será o ano da consolidação fiscal.
Também foram elogiáveis as primeiras palavras do presidente indicado para o BC, que disse ter uma extensa agenda conjunta com a Fazenda, presumivelmente para facilitar o controle da inflação. Tombini também afirmou ter ouvido da presidente eleita que "não há meia autonomia, mas autonomia total" para o BC.
São sinais auspiciosos. Resta esperar que se confirmem.


Próximo Texto: Editoriais: Saúde desigual

Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.