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Bons sinais
Com Tombini no lugar de Meirelles, nova equipe econômica renova promessas de crescimento, autonomia do BC e disciplina fiscal
Com a indicação do economista
Alexandre Tombini para a presidência do Banco Central e de Miriam Belchior para o Planejamento, quase uma semana depois do
convite para Guido Mantega permanecer em seu cargo, estão
preenchidos os postos mais importantes para a condução da política econômica do novo governo.
Tombini é um funcionário público de carreira, altamente qualificado e experimentado em funções importantes no BC e no Ministério da Fazenda. Tem sólida
bagagem acadêmica e participou
ativamente da discussão e da arquitetura do regime de metas de
inflação desde seu início, em 1999.
É respeitado nos meios econômicos e financeiros, além de ter respaldo dentro do próprio BC. Reúne, portanto, todas as condições
para bem conduzir a instituição
na sua tarefa de manter a taxa de
inflação dentro da meta.
Resta esclarecer qual será o papel de Antonio Palocci, coordenador técnico da transição, e de Paulo Bernardo, que agora se despede
do Ministério do Planejamento. A
presença de ambos no primeiro
escalão, se confirmada, poderia
reforçar a administração de Dilma
Rousseff, que enfrentará fortes
pressões por ampliação de gastos
no seu início, a começar pela definição do novo salário mínimo e
pelas propostas de aumentos salariais em tramitação no Congresso.
Nos últimos dias vinham crescendo as dúvidas sobre o compromisso da presidente eleita com
medidas de ajuste da economia.
São preocupações procedentes
quando se sabe o que aconteceu
nos últimos dois anos. As metas
de superavit primário perderam
credibilidade e a expansão de gastos públicos, justificável na crise,
foi muito além do conveniente.
São também crescentes os riscos
para o Tesouro em razão de garantias públicas para projetos com retorno econômico mais do que duvidoso, como o trem-bala.
O cenário para o próximo ano
está longe de ser ruim, mas inspira
cautela e exige mudanças.
O BC terá que lidar com a perigosa aceleração da inflação, ora
em curso, que vai além do aumento sazonal de preços de alimentos.
O IPCA deve subir quase 6% neste
ano, e as projeções dos analistas
para 2011 já ultrapassam 5%. É algo que exigirá respostas claras do
Comitê de Política Monetária do
BC (Copom) já a partir da reunião
de início de dezembro.
Do lado fiscal não há dúvida sobre a necessidade de maior disciplina e controle das finanças do
Estado, até para que a agenda de
investimentos do novo governo
possa se realizar. São tranquilizadoras, nesse sentido, as declarações de Mantega, em entrevista
ontem, de que o momento é de
cortar gastos e 2011 será o ano da
consolidação fiscal.
Também foram elogiáveis as
primeiras palavras do presidente
indicado para o BC, que disse ter
uma extensa agenda conjunta
com a Fazenda, presumivelmente
para facilitar o controle da inflação. Tombini também afirmou ter
ouvido da presidente eleita que
"não há meia autonomia, mas autonomia total" para o BC.
São sinais auspiciosos. Resta esperar que se confirmem.
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