São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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Saúde desigual

Pelo menos dois tipos de desigualdade afetam a oferta de serviços de saúde no Brasil: as regionais e as de acesso da população a equipamentos e profissionais mesmo onde não há carência deles. O diagnóstico está no relatório "Assistência Médico-Sanitária 2009", do IBGE.
O estudo constatou a existência de apenas 2,3 leitos por mil habitantes, no país, cifra inferior ao preconizado pelo Ministério da Saúde (2,5 a 3 leitos). Só a região Sul se sai bem, com 2,6.
A má distribuição geográfica de recursos se evidencia também no tocante a postos de trabalho médicos. No Norte, há 1,9 profissional por mil pessoas. No Sudeste são 4,3. Para piorar a situação, 40% dos profissionais trabalham nas capitais dos Estados.
Morar numa capital do Sul ou do Sudeste, contudo, não garante que os serviços sejam prestados no tempo devido. Se a pessoa depender da rede pública de hospitais ou de estabelecimentos particulares conveniados com o SUS, é provável que enfrente filas.
A desigualdade se manifesta de forma inequívoca no acesso a equipamentos para diagnóstico por imagem. São ferramentas basilares da medicina contemporânea, como aparelhos de tomografia, ressonância magnética e mamografia, entre outros.
É verdade que houve aumento de 27% na quantidade de aparelhos, de 2005 a 2009. No entanto, isso não solucionou o problema da desigualdade: unidades do SUS, que atendem 75% da população, concentram meros 40% dos equipamentos.
A distorção é gritante. Tome-se o exemplo da ressonância magnética: há 1,9 máquina por milhão de habitantes na rede do SUS, contra 19,8 nos estabelecimentos que atendem os planos de saúde privados. A média do Brasil é 6,3 e a de países industrializados, 11.
Tal estado de coisas não irá se alterar sem um programa bem focalizado de melhoria de acesso. Não basta, obviamente, comprar equipamentos caros e deixá-los enferrujar em prédios vazios -como ainda se vê em alguns casos. É preciso ter pessoal treinado para operá-los e mantê-los.


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