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Saúde desigual
Pelo menos dois tipos de desigualdade afetam a oferta de serviços de saúde no Brasil: as regionais e as de acesso da população a
equipamentos e profissionais
mesmo onde não há carência deles. O diagnóstico está no relatório
"Assistência Médico-Sanitária
2009", do IBGE.
O estudo constatou a existência
de apenas 2,3 leitos por mil habitantes, no país, cifra inferior ao
preconizado pelo Ministério da
Saúde (2,5 a 3 leitos). Só a região
Sul se sai bem, com 2,6.
A má distribuição geográfica de
recursos se evidencia também no
tocante a postos de trabalho médicos. No Norte, há 1,9 profissional
por mil pessoas. No Sudeste são
4,3. Para piorar a situação, 40%
dos profissionais trabalham nas
capitais dos Estados.
Morar numa capital do Sul ou
do Sudeste, contudo, não garante
que os serviços sejam prestados
no tempo devido. Se a pessoa depender da rede pública de hospitais ou de estabelecimentos particulares conveniados com o SUS, é
provável que enfrente filas.
A desigualdade se manifesta de
forma inequívoca no acesso a
equipamentos para diagnóstico
por imagem. São ferramentas basilares da medicina contemporânea, como aparelhos de tomografia, ressonância magnética e mamografia, entre outros.
É verdade que houve aumento
de 27% na quantidade de aparelhos, de 2005 a 2009. No entanto,
isso não solucionou o problema
da desigualdade: unidades do
SUS, que atendem 75% da população, concentram meros 40% dos
equipamentos.
A distorção é gritante. Tome-se
o exemplo da ressonância magnética: há 1,9 máquina por milhão de
habitantes na rede do SUS, contra
19,8 nos estabelecimentos que
atendem os planos de saúde privados. A média do Brasil é 6,3 e a
de países industrializados, 11.
Tal estado de coisas não irá se
alterar sem um programa bem focalizado de melhoria de acesso.
Não basta, obviamente, comprar
equipamentos caros e deixá-los
enferrujar em prédios vazios -como ainda se vê em alguns casos. É
preciso ter pessoal treinado para operá-los e mantê-los.
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