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São Paulo, quinta-feira, 25 de dezembro de 2003

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NATAL

Num mundo que tende a conferir caráter mercantil a praticamente tudo, a metamorfose do Natal em festa consumista já foi incorporada à rotina, ocupando lugar de destaque no calendário comercial. A popularização da figura simbólica de são Nicolau, sob as vestes de um generoso ancião, acabou por deixar em segundo plano a imagem do nascimento de Jesus Cristo, o motivo da celebração. A troca de presentes parece ter se transformado no centro de tudo: vender e comprar, essa é a mensagem que se propaga nesse período de festas. A inevitabilidade do uso da comemoração cristã para fins econômicos não deveria, no entanto, turvar seu significado maior.
Embora a Folha assuma em suas opiniões uma perspectiva laica e republicana, não pode ser ignorado o fato de que vivemos numa sociedade majoritariamente cristã, com fundadora e tradicional presença católica. No momento em que se relembra o nascimento de Jesus, aquilo que há de essencial na prédica cristã -os valores da solidariedade, da compaixão e do amor ao próximo- deveria ser objeto de maior reflexão.
Este 2003 foi um ano de dificuldades. No Brasil, as desigualdades e a iníqua distribuição de renda permaneceram como protagonistas históricos das injustiças sociais, agravadas pelo desemprego e pela retração econômica. No mundo, onde as assimetrias são igualmente angustiantes, conflitos, atentados e guerras marcaram os últimos meses.
Lamentavelmente, não foram poucos os episódios internacionais em que a religião despontou como um elemento a alimentar ou a justificar a intolerância e a incompreensão. Se há fatores históricos que explicam essa realidade, é forçoso constatar que há também em todas as grandes religiões sinais que permitem distinguir com clareza o caminho da justiça, da paz e da harmonia como aquele a ser preferencialmente trilhado pela humanidade.
Essa é, em última instância, uma mensagem de caráter ecumênico, cujo sentido merece ser realçado por ocasião deste Natal.


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