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NATAL
Num mundo que tende a conferir caráter mercantil a praticamente tudo, a metamorfose do
Natal em festa consumista já foi incorporada à rotina, ocupando lugar
de destaque no calendário comercial.
A popularização da figura simbólica
de são Nicolau, sob as vestes de um
generoso ancião, acabou por deixar
em segundo plano a imagem do nascimento de Jesus Cristo, o motivo da
celebração. A troca de presentes parece ter se transformado no centro de
tudo: vender e comprar, essa é a
mensagem que se propaga nesse período de festas. A inevitabilidade do
uso da comemoração cristã para fins
econômicos não deveria, no entanto,
turvar seu significado maior.
Embora a Folha assuma em suas
opiniões uma perspectiva laica e republicana, não pode ser ignorado o
fato de que vivemos numa sociedade
majoritariamente cristã, com fundadora e tradicional presença católica.
No momento em que se relembra o
nascimento de Jesus, aquilo que há
de essencial na prédica cristã -os
valores da solidariedade, da compaixão e do amor ao próximo- deveria
ser objeto de maior reflexão.
Este 2003 foi um ano de dificuldades. No Brasil, as desigualdades e a
iníqua distribuição de renda permaneceram como protagonistas históricos das injustiças sociais, agravadas pelo desemprego e pela retração
econômica. No mundo, onde as assimetrias são igualmente angustiantes, conflitos, atentados e guerras
marcaram os últimos meses.
Lamentavelmente, não foram poucos os episódios internacionais em
que a religião despontou como um
elemento a alimentar ou a justificar a
intolerância e a incompreensão. Se
há fatores históricos que explicam
essa realidade, é forçoso constatar
que há também em todas as grandes
religiões sinais que permitem distinguir com clareza o caminho da justiça, da paz e da harmonia como aquele a ser preferencialmente trilhado
pela humanidade.
Essa é, em última instância, uma
mensagem de caráter ecumênico,
cujo sentido merece ser realçado por
ocasião deste Natal.
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