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A ressaca leve do álcool
O ENTUSIASMO com o álcool
combustível de um ano
atrás arrefeceu de modo
considerável ao longo de 2007.
Desde o discurso sobre o Estado
da União de George W. Bush em
26 de janeiro, quando fixou a meta de substituir por biocombustíveis 20% da gasolina de seu país
até 2017, logística e preços lançaram água fria na fervura dos investimentos -lá como cá.
EUA e Brasil são os maiores
produtores mundiais de álcool,
cerca de 70% do total. O que
acontecer nos dois países será lido como tendência no mundo inteiro. Em ambos os casos, 2007
foi um ano de ajustes.
Nos Estados Unidos, a euforia
esbarrou em problemas de distribuição. A produção de álcool a
partir do milho se concentra no
Meio-Oeste, mas os grandes
mercados estão nas costas Leste
e Oeste. Quem destinou o grão
para combustíveis colheu um resultado paradoxal: enquanto o
preço do álcool caía, o do milho
para uso alimentar subia. Ao prejuízo seguiu-se uma retração no
investimento para aumentar a
produção. Várias das 77 usinas
em implantação foram desaceleradas ou paralisadas.
No final do ano, o setor recebeu um alento: a nova Lei de
Energia sancionada por Bush
projeta um consumo de 137 bilhões de litros de biocombustíveis em 2022. Desse total, 57 bilhões de litros seriam de álcool
de milho, meta vista com ceticismo -afinal, 20% do grão colhido
já vai para as usinas de álcool, e
os EUA não têm para onde expandir a agricultura.
No médio e longo prazos, excelente notícia para canavieiros do
Brasil, vice-líder na produção e o
país que conta com mais espaço
para ampliá-la. Em 2007, porém,
a exportação para os EUA encolheu, os estoques aumentaram e
os preços caíram. Aqui, também,
inversões bilionárias passaram a
ser revistas. Ninguém se atreve a
falar em crise, contudo.
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