São Paulo, terça-feira, 25 de dezembro de 2007

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A ressaca leve do álcool

O ENTUSIASMO com o álcool combustível de um ano atrás arrefeceu de modo considerável ao longo de 2007. Desde o discurso sobre o Estado da União de George W. Bush em 26 de janeiro, quando fixou a meta de substituir por biocombustíveis 20% da gasolina de seu país até 2017, logística e preços lançaram água fria na fervura dos investimentos -lá como cá.
EUA e Brasil são os maiores produtores mundiais de álcool, cerca de 70% do total. O que acontecer nos dois países será lido como tendência no mundo inteiro. Em ambos os casos, 2007 foi um ano de ajustes.
Nos Estados Unidos, a euforia esbarrou em problemas de distribuição. A produção de álcool a partir do milho se concentra no Meio-Oeste, mas os grandes mercados estão nas costas Leste e Oeste. Quem destinou o grão para combustíveis colheu um resultado paradoxal: enquanto o preço do álcool caía, o do milho para uso alimentar subia. Ao prejuízo seguiu-se uma retração no investimento para aumentar a produção. Várias das 77 usinas em implantação foram desaceleradas ou paralisadas.
No final do ano, o setor recebeu um alento: a nova Lei de Energia sancionada por Bush projeta um consumo de 137 bilhões de litros de biocombustíveis em 2022. Desse total, 57 bilhões de litros seriam de álcool de milho, meta vista com ceticismo -afinal, 20% do grão colhido já vai para as usinas de álcool, e os EUA não têm para onde expandir a agricultura.
No médio e longo prazos, excelente notícia para canavieiros do Brasil, vice-líder na produção e o país que conta com mais espaço para ampliá-la. Em 2007, porém, a exportação para os EUA encolheu, os estoques aumentaram e os preços caíram. Aqui, também, inversões bilionárias passaram a ser revistas. Ninguém se atreve a falar em crise, contudo.


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