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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Caso de polícia
SÃO PAULO - Cerca de 800 delegados da Polícia Civil de São Paulo,
num universo de pouco mais de
3.300, estão sendo investigados pela corregedoria da própria instituição. Isso representa quase um em
cada quatro. Os números revelados
pela reportagem de André Caramante no domingo impressionam.
Foram abertos nos últimos meses procedimentos internos para
apurar irregularidades contra mais
de 8.500 policiais -a Civil tem 33
mil homens. Além disso, 418 policiais de três dos principais órgãos
da instituição foram removidos de
suas funções. Pode-se imaginar a
insatisfação interna que esse conjunto de ações esteja provocando.
Para o cidadão, porém, a questão
é outra: como pode o Estado de São
Paulo conviver com evidências de
corrupção endêmica no interior do
aparelho encarregado de combater
o crime? O secretário Antonio Ferreira Pinto está mexendo num vespeiro que, tudo indica, é muito antigo e estava bem resguardado.
Ao assumir o cargo, em março de
2009, ele disse: "Eu pretendo fazer
das corregedorias um reduto de seriedade, de combate à corrupção,
aos desvios, aos abusos. Podem cobrar de mim". Ocorreram, de fato,
mudanças a partir de agosto, quando a corregedoria foi vinculada ao
secretário e assumida pela delegada
Maria Inês Trefiglio Valente.
Ex-PM, ex-promotor e procurador de Justiça, ex-secretário da Administração Penitenciária, Ferreira
Pinto é conhecido por seus hábitos
espartanos e pela intransigência.
Ronaldo Marzagão, seu antecessor,
havia deixado o cargo desgastado
pela acusação de corrupção contra
seu adjunto e pela greve de quase
dois meses da Polícia Civil, que culminou num confronto com a PM
perto do Palácio dos Bandeirantes.
Consta que Ferreira tenha pacificado as corporações. Agora, porém,
entre os delegados atingidos por
sua gestão, aposta-se na vitória de
Geraldo Alckmin para retomar o
prestígio perdido. Há quem diga
que Ferreira não resiste à saída de
Serra do governo, no final de março.
E então, Geraldo? E agora, José?
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