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TERROR DOMÉSTICO
A bandidagem do Rio de Janeiro realizou ontem outra de
suas demonstrações de força, incendiando ônibus e metralhando lojas.
Anteontem, o narcotráfico já havia
levado o pânico à capital do Estado e
a outros municípios do Grande Rio.
Bombas caseiras foram lançadas
contra prédios em Ipanema. Mais de
40 veículos foram destruídos. Houve
saques, e o medo provocou o fechamento do comércio. A violência deixou um morto e 16 feridos.
Segundo a polícia, a ação foi ordenada pelo traficante Luiz Fernando
da Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
líder do Comando Vermelho preso
em Bangu 1. Ele estaria insatisfeito
com o tratamento que tem recebido
no presídio, pois não estaria conseguindo utilizar seu telefone celular
em razão da instalação de bloqueadores na prisão em 2002. Outros líderes do CV, abrigados em Bangu 3 e
4, também estariam descontentes
com a apreensão de seus celulares.
A ação do narcotráfico é intolerável. É inconcebível que a segunda
metrópole do país seja paralisada
porque traficantes condenados estão
magoados com a perda de regalias.
O crime desafia abertamente o Estado, afrontando não só o governo fluminense, mas todas as instituições.
De onde vem o poder do tráfico?
Ele se alimenta da miséria dos morros, onde recruta suas tropas, e da riqueza do asfalto, que concentra seus
consumidores. Sua força é o reflexo
da debilidade do Estado, vítima da
falta de recursos, humanos e materiais, e corroído internamente pela
corrupção dos funcionários encarregados do combate aos bandidos. A
legalidade não suporta o vácuo: se o
governo não é capaz de impor a ordem, o crime ocupará seu lugar.
Parece claro que o governo fluminense não tem condições de, por si
só, enfrentar esse desafio. Na campanha eleitoral, o atual presidente
prometeu ajudar os Estados a atacar
o crime organizado, o contrabando
de armas e o tráfico de drogas. A hora de agir é agora.
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