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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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TERROR DOMÉSTICO

A bandidagem do Rio de Janeiro realizou ontem outra de suas demonstrações de força, incendiando ônibus e metralhando lojas. Anteontem, o narcotráfico já havia levado o pânico à capital do Estado e a outros municípios do Grande Rio. Bombas caseiras foram lançadas contra prédios em Ipanema. Mais de 40 veículos foram destruídos. Houve saques, e o medo provocou o fechamento do comércio. A violência deixou um morto e 16 feridos.
Segundo a polícia, a ação foi ordenada pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, líder do Comando Vermelho preso em Bangu 1. Ele estaria insatisfeito com o tratamento que tem recebido no presídio, pois não estaria conseguindo utilizar seu telefone celular em razão da instalação de bloqueadores na prisão em 2002. Outros líderes do CV, abrigados em Bangu 3 e 4, também estariam descontentes com a apreensão de seus celulares.
A ação do narcotráfico é intolerável. É inconcebível que a segunda metrópole do país seja paralisada porque traficantes condenados estão magoados com a perda de regalias. O crime desafia abertamente o Estado, afrontando não só o governo fluminense, mas todas as instituições. De onde vem o poder do tráfico?
Ele se alimenta da miséria dos morros, onde recruta suas tropas, e da riqueza do asfalto, que concentra seus consumidores. Sua força é o reflexo da debilidade do Estado, vítima da falta de recursos, humanos e materiais, e corroído internamente pela corrupção dos funcionários encarregados do combate aos bandidos. A legalidade não suporta o vácuo: se o governo não é capaz de impor a ordem, o crime ocupará seu lugar.
Parece claro que o governo fluminense não tem condições de, por si só, enfrentar esse desafio. Na campanha eleitoral, o atual presidente prometeu ajudar os Estados a atacar o crime organizado, o contrabando de armas e o tráfico de drogas. A hora de agir é agora.


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