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RUY CASTRO
Outro bom dia para nascer
RIO DE JANEIRO - No dia 1º de
maio de 1991, Otto Lara Resende estreou nesta coluna. Não foi o primeiro titular dela, mas foi seu primeiro cronista. Cronista, mesmo
-alguém sem muito compromisso
com os fatos, com a busca da objetividade ou com o que, na época, ia
pela cabeça dos nossos políticos, se
algo fosse.
Com sua vivência entre as potestades da República desde 1946, Otto
podia escrever sobre o que quisesse
-de uma improvável vaca que acabara de ver na avenida Vieira Souto
a uma certa tarde das calendas, em
que ele e Rubem Braga chupavam
jabuticabas enquanto Kennedy era
morto em Dallas. Não significava
que os colegas de Otto na página
não pudessem fazer o mesmo. Mas,
por algum motivo, parecia natural
que a liberdade para fazer crônica
fosse privilégio do colunista do Rio.
Aliás, desde Maneco Antonio de Almeida, no "Correio Mercantil", em
1854, o Rio tem esse privilégio.
A crônica de estréia de Otto se
chamou "Bom dia para nascer",
porque, por acaso, saiu no dia de seu
aniversário. Não tinha uma palavra
solta. Otto lembrou as efemérides
da data: a carta de Pero Vaz de Caminha, o nascimento de José de
Alencar, o Dia do Trabalho. Era um
bom dia para começar -ou, segundo ele, recomeçar.
Por coincidência, para mim também, hoje é um bom dia para nascer
e para estrear nesta coluna. O 26 de
fevereiro tem seus marcos: o nascimento de Victor Hugo, do inventor
Levi Strauss (o criador do jeans, não
o antropólogo), do caçador (depois
preservador) Buffalo Bill e da sambista Isaurinha Garcia. Foi também
o dia em que se gravou o primeiro
disco de jazz (em 1917, pela Original
Dixieland Jazz Band). E, para meu
prazer, é um dia que sempre cai
perto do Carnaval, quando não no
próprio. Tudo a ver.
É também o Dia do Comediante.
Mas, no Brasil, qual não é?
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