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Carteira assinada
"A reportagem "Trabalhador rural "foge" do registro em carteira no
NE" (Dinheiro, págs. B1 e B3, de
ontem) confirma as declarações de
um bispo católico feitas neste jornal há alguns meses. Está se criando uma geração de vagabundos que
vivem à custa do trabalho alheio.
É inadmissível que numa das regiões mais pobres do país o empregador tenha que substituir homens
por máquinas por falta de trabalhadores. Os "programas sociais" não só
incentivam a ficar numa praça
"olhando um para a cara do outro",
como foi declarado, como também
as mulheres que vivem abaixo da linha de pobreza a procriarem mais e
mais para terem direito às bolsas
famílias/escolas. Aliás, quando foram criadas as chamadas vulgarmente de "bolsa-esmola" era previsível que isso acontecesse."
MARIA DARCI DE FARIA
(Praia Grande, SP)
Guido Mantega
"O Brasil está realmente muito
doente. As declarações da mulher
do sr. ministro da Fazenda sobre a
ação supergentil dos caras que invadiram aquele sítio em Ibiúna, pois
só queriam dinheiro e de que eram
só ladrões de galinha, nos coloca
numa posição desconfortável, mais
do que já estamos.
Para finalizar o quadro, a mulher
do ministro acha que o Brasil precisa melhorar a economia. Pediria a
ela que lembrasse ao sr. ministro da
Fazenda que fosse mais benevolente com a classe honesta que não invade sítios à procura de dinheiro,
mas que paga muito imposto sem
ter quase nada ou nada em troca.
Urge que se reduza esse arrocho tributário aos humanos direitos."
MÁRCIO HAMPSHIRE DE ARAÚJO
(Rio de Janeiro, RJ)
Lula e Corinthians
"Menino torturado e morto nas
ruas do Rio. Assaltos repetidos, violentos, no Carnaval de rua mais famoso do planeta. Despejo de miseráveis de prédio da capital paulista,
sem qualquer alternativa, sem abrigo, de modo a ensejar o ingresso de
organização internacional a auxiliar os "quase-cidadãos".
No meio desse cenário, o presidente da República recebe cartola
de seu clube de futebol, inclusive
aproveitando a chance para trocar
idéias com o técnico do time, para
discutir sobre quão oportuna seria
a construção de um estádio do clube. Tudo isso nas dependências da
Presidência da República, bom que
se diga. Permanece a pergunta de
Renato Russo: "Que país é esse?!'"
ANDREA ARNAUT (Brasília, DF)
"Meu conselho a Lula (é provável
que outros brasileiros dariam o
mesmo conselho, inclusive corintianos): "Vá trabalhar, seu Lula". Sabemos que há décadas o Lula não
está acostumado ao batente, mas
achar tempo para falar de Corinthians enquanto a nação é uma nau
sem rumo no ponto de vista estratégico e gerencial é ridículo. É como
se não tivéssemos um problema
cambial, falta de investimentos, que
a ética estivesse OK, a engenharia
bem, a saúde ótima. Coisa de baile
da Ilha Fiscal. Presidente, labute
como os seus compatriotas. Deixe
de procrastinação e futilidade.
De qualquer forma, qualquer time de futebol agora tem o direito de
reunião com o presidente.
PAULO REIMANN (Cotia, SP)
Carnaval e história
"É um absurdo ainda nos depararmos com visões distorcidas sobre a história da África, ainda mais
de pessoas que formam a opinião
pública de um país como o Brasil
que possui grande ligação com o
continente africano.
Ao abrir a Ilustrada (pág. E14,
23/2), considerei uma falha do autor, Leandro Narloch, criticar o trabalho das escolas de samba que retrataram a África por outra perspectiva. Justificar a escravidão (capitalista) praticada por europeus
com o argumento de que já era praticada muito antes é persistir numa
visão que caiu em descrédito.
É preciso que ele veja que os negros escravizados pelos europeus
eram tratados como mercadorias e
que a escravidão africana, anterior
à invasão européia, era motivada
por guerra. Tratamos os gregos como povos superiores, mas esquecemos muitas vezes que seu exemplo
de democracia também tinha os escravos de guerra.
Por isso é legítimo o trabalho das
escolas por mostrar uma África
real, com povos ricos e independentes culturalmente. Dessa forma
tenho certeza de que iremos vencer
o preconceito camuflado por discursos morais contemporâneos."
JOUBERT ESEQUIEL DE MORAIS FILHO , professor de
história (Suzano, SP)
"Parabéns ao jornalista Leandro
Narloch pela análise lúcida, precisa
e sucinta. Até que enfim uma voz se
levanta contra o mito, construído
pela boa consciência politicamente
correta, da grande mãe África. Mãe
cruenta e sangüinária que revela facilmente sua verdadeira face com
um pouco de factualidade histórica.
Aliás, eram os africanos também
monarquistas, não é meu rei?"
MANOEL RICARDO ALVES DANTAS , sociólogo
(São Paulo,SP)
Violência
"Renato Janine, Olegária Matos,
Andrea Lombardi... O debate acadêmico é, em geral, aborrecido,
masturbatório e, há pelo menos
cem anos, pouco contribui para a
solução de qualquer problema social. O que nós, cidadão comuns,
queremos é que as penas sejam efetivamente aplicadas aos criminosos, qualquer que seja o seu rigor.
Nem uma gota de sangue a mais e,
principalmente, nem uma gota de
sangue a menos."
JOSÉ ROBERTO DE AMORIM (Belo Horizonte, MG)
Super-Receita
"Na terça-feira, 13, a Câmara alterou competências dos auditores do
trabalho com a emenda nº 3 ao projeto de lei que cria a Super-Receita.
Com isso, os fiscais só poderão
autuar após decisão judicial. Hoje,
as autuações ocorrem no momento
em que são verificadas irregularidades. A mudança abre espaço para as
pessoas jurídicas (PJ), ou seja, trabalhadores que dão nota fiscal, para
que obrigações trabalhistas não recaiam sobre a empresa. Além de ser
um retrocesso, o procedimento
atravancará a Justiça do Trabalho.
Muitos dizem que as PJ resultam
da antigüidade da legislação trabalhista. Esta legislação precisa ser revista, mas para benefício do trabalhador. Assim como toda lei deve
garantir o bem-estar da maioria da
população. Para tanto, fiscalizar é
primordial. Não é o que acontece
com o texto aprovado. É vital para
os direitos trabalhistas que o presidente Lula vete a emenda."
JORGE NAZARENO , presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de Osasco e Região e diretor da Força Sindical (Osasco, SP)
Irã
"Está delineada uma ofensiva militar contra o Irã, por parte dos israelenses e dos norte-americanos.
O pretexto é o mais ridículo. Os
EUA possuem o maior arsenal de
armas atômicas do planeta, e Israel
tem bomba nuclear, embora não fale nada a respeito.
Esse "combate ao terrorismo" está
indo longe demais. A irresponsabilidade dos governos não-europeus
aumenta a cada dia que passa.
JORGE CORTÁS SADER FILHO
(Niterói, RJ)
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