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Editoriais
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Uribe e o 3º mandato
SÃO PREOCUPANTES os sinais,
agora mais frequentes, de
que o presidente da Colômbia pretende despenhar-se na
aventura do terceiro mandato.
Álvaro Uribe estimulou tais especulações pelo menos três vezes nos últimos dias: em sua mais
recente visita ao Brasil; numa
conversa, pouco depois, com integrantes de sua coalizão de governo, cujo teor foi convenientemente "vazado" à imprensa; e ao
parabenizar o desafeto Hugo
Chávez pela vitória no referendo
que permite a reeleição ilimitada
de governantes na Venezuela.
O caminho para a terceira candidatura consecutiva do presidente colombiano já foi aberto. A
proposta de realização de um referendo sobre o tema foi aprovada na Câmara. Em razão de desentendimentos na base governista, entretanto, decidiu-se que
a nova regra, caso endossada pela maioria dos eleitores, valeria
apenas a partir de 2014.
Ainda assim, nada impede que
o Senado reveja esse cronograma, em benefício de Uribe. Discute-se, inclusive, a possibilidade de instituir o terceiro mandato por emenda à Constituição,
dispensando a consulta popular.
Seria, de todo modo, uma reforma feita de afogadilho, pois o
pleito presidencial está marcado
para maio do ano que vem.
O partidários de um terceiro
mandato para Uribe afirmam
que esse é o único meio de não
colocar a perder as conquistas
que catapultaram a popularidade presidencial. Trata-se apenas
de um pretexto -nenhum candidato vai se eleger na Colômbia
sem endossar as linhas de governo consagradas sob Uribe, em especial na segurança pública e no
combate à guerrilha.
Um dos presidentes mais populares da América do Sul, ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva,
Álvaro Uribe daria um exemplo
importante à região -de apreço
pelas regras do jogo democrático, que não dispensam a alternância no poder- se exorcizasse
a tentação continuísta.
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